metropoles -30/03/2025 09:08
Uma ala da oposição dentro do Congresso Nacional trabalha para emplacar uma guerra política que mira o Supremo Tribunal Federal (STF) depois que a Primeira Turma tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado.
O grupo político da oposição na Câmara dos Deputados tem
três frentes montadas: a busca por apoio ao projeto de lei (PL) da anistia aos
envolvidos no 8 de Janeiro e a proposta de emenda à Constituição (PEC) para
acabar com o foro privilegiado, além de uma obstrução nos trabalhos da Casa,
que até o momento não ganhou musculatura.
Na próxima terça-feira (1º/4), o líder do PL, Sóstenes
Cavalcante, tem uma reunião marcada com o presidente da Câmara, Hugo Motta
(Republicanos-PB), para pedir providências sobre o andamento do PL da anistia.
Sóstenes promete levar outros líderes com ele para demonstrar apoio e fazer com
que Motta paute, no colégio de líderes na quinta-feira (3/4), o debate sobre o
andamento da proposta.
O líder do PL diz que, caso Motta não tome providências
sobre o PL da anistia, o seu partido, que é o maior da Casa, com 92 deputados,
vai obstruir todos os trabalhos na Câmara, incluindo plenário e comissões.
Nesta semana, o PL,
o Novo e os líderes da oposição tentaram emplacar o início da obstrução na
Câmara, mas houve falhas e o movimento não teve êxito.
Apesar da pressão do PL, o presidente da Câmara não dá
sinais de que vai ceder ao movimento. Primeiro, porque ele, desde o início de
sua gestão, em fevereiro, já deu declarações públicas de que propostas
polêmicas não são uma prioridade e não devem avançar. Segundo, porque Motta
está em um momento de aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e fez parte da comitiva do presidente em viagem oficial ao Japão e ao
Vietnã na última semana.
Na avaliação de governistas, andar com a proposta da anistia
no momento de um julgamento sobre tentativa de golpe de Estado seria trazer a
Câmara para uma discussão que, neste momento, deve ficar no campo judicial.
PEC do fim do foro privilegiado é outra frente
Na última semana, outra proposta voltou a entrar na mira da
oposição: a PEC que propõe acabar com o foro privilegiado, que tiraria do STF
os casos de políticos e mandaria as investigações para a Justiça comum, na
primeira instância. O foro privilegiado tem como base que autoridades públicas
sejam julgadas em tribunais superiores por crimes cometidos durante o mandato.
Um dos objetivos do movimento da oposição com a proposta
seria tentar tirar do STF o julgamento contra Bolsonaro. Nesta semana, o
deputado Sanderson (PL-RS) enviou um ofício ao presidente Hugo Motta para que a
PEC seja votada no plenário.
Procurado pelo Metrópoles, Sanderson disse que pretende
se reunir com Motta assim que ele voltar de viagem para pedir que o texto seja
pautado.
“Vou conversar com o presidente Hugo Motta assim que ele
chegar, para reforçar o que já fiz por requerimento oficial: incluir a PEC na
pauta do plenário”, disse o deputado.
Desde 2019, diferentes parlamentares tentam fazer a proposta
ser votada no plenário, mas sem sucesso. Os últimos dois presidentes anteriores
a Motta, Arthur Lira (PP-AL), e Rodrigo Maia (PSDB), não pautaram o tema no
plenário. Diversos congressistas são contrários ao fim do foro privilegiado,
por entenderem que, na primeira instância da Justiça, podem haver mais chances
de perseguições de juízes e de políticos opositores.