metropoles -21/03/2025 15:36
Parlamentares dos Estados Unidos querem estender as sanções já discutidas contra Alexandre de Moraes a “cúmplices” do ministro. Na carta enviada ao presidente Donald Trump, cobrando punição ao magistrado, os deputados Maria Elvira Salazar e Rich McCormick afirmam que mais pessoas devem ser atingidas por proibições imediatas de visto e penalidades econômicas. “Moraes e os que o apoiam devem enfrentar consequências reais”, diz o documento. Essa é a primeira vez que políticos dos EUA admitem publicamente haver outras autoridades brasileiras na mira além de Moraes, como a coluna antecipou ao longo desta semana.
“A deputada Maria Elvira Salazar e eu enviamos uma carta à
Casa Branca pedindo o uso do Global Magnitsky Act [Lei Magnitsky] para tomar
medidas decisivas contra o juiz autoritário da Suprema Corte do Brasil,
Alexandre de Moraes — e potencialmente contra seus cúmplices — nessas violações
de princípios democráticos e direitos humanos. Nós encorajamos fortemente
nossos colegas no Congresso e no Senado a se juntarem a nós”, comunicou Rich
McCormick.
As sanções analisadas pelo Congresso dos EUA e pela Casa
Branca podem afetar autoridades brasileiras, como ministros do STF que atuam na
1ª Turma, seus juízes auxiliares, o procurador-geral da República, Paulo Gonet,
e delegados da Polícia Federal (PF). Os nomes deverão ser definidos pelo
Departamento de Estado norte-americano, que estabelecerá um prazo para apontar
quem apoiou decisões que teriam “violado questões de direitos humanos e violado
a jurisdição dos Estados Unidos”.
Os deputados estadunidenses exigem a aplicação da Lei
Magnitsky contra os principais alvos, como Moraes. A medida visa proibir a
entrada do magistrado e de outras autoridades em solo norte-americano e impedir
transações financeiras com empresas e cidadãos dos EUA.
“Ameaça crescente”
A carta assinada pelos parlamentares afirma ainda que
Alexandre de Moraes é “um problema não apenas para o Brasil”, mas “uma ameaça
crescente para os Estados Unidos”. “O fato de que Eduardo Bolsonaro, o
congressista mais votado da história do Brasil e filho do ex-presidente Jair
Bolsonaro, foi forçado a buscar exílio nos Estados Unidos demonstra a
deterioração alarmante da democracia no maior país da América do Sul”, disse o
deputado Rich McCormick.
O STF analisava um pedido do PT para apreender o passaporte
de Eduardo Bolsonaro quando o deputado, em viagem aos Estados Unidos, decidiu
permanecer por lá. Após o anúncio do parlamentar, a PGR se manifestou contra a
apreensão e, com isso, Moraes negou a solicitação que havia sido feita pelo
Partido dos Trabalhadores. Ainda assim, alegando temer retaliações, Eduardo
decidiu ficar nos EUA para articular contra Alexandre.
A Lei Magnitsky foi implementada durante a administração de
Barack Obama. Ela autoriza os EUA a punir pessoas que considere terem violado
direitos humanos. A sugestão da aplicação da medida contra Moraes foi feita a
Donald Trump por Elon Musk, dono da plataforma X e atual chefe do Departamento
de Eficiência Governamental dos EUA.
A carta sobre Moraes a Trump
Eis a íntegra da carta enviada pelos paralamentares a Donald
Trump:
“Caro Presidente Trump e Secretário Rubio, semana passada, o
ex-Presidente Jair Bolsonaro foi acusado no Brasil, numa tentativa flagrante do
numa tentativa flagrante do regime brasileiro de afastar o principal candidato
para as eleições do próximo ano. A acusação do ex-Presidente Jair Bolsonaro não
tem a ver com justiça – tem a ver com a eliminação da concorrência política
através de uma guerra judicial, tal como o Presidente Trump foi alvo antes de
fazer o maior regresso político da história.
O Ministro do Supremo Tribunal do Brasil, Alexandre de
Moraes, transformou o poder judicial brasileiro numa arma para esmagar a
oposição, proteger o Presidente Lula e manipular as eleições de 2026 antes de
um único voto ser votado. Suas ações são um ataque direto à democracia, à
liberdade de expressão e ao Estado de Direito, e nós respeitosamente
solicitamos que Vossa Excelência tome medidas para garantir que o Brasil
celebre uma eleição livre e justa em 2026.
Moraes não é apenas um problema para o Brasil – ele é uma
ameaça crescente para os Estados Unidos. Ele já tentou censurar empresas
americanas, suprimir a liberdade de expressão e minar a soberania digital
americana. Seu ataque a plataformas como X e Rumble levou a processos judiciais
da Trump Media, expondo seu flagrante desrespeito à lei dos EUA e às proteções
da Primeira Emenda da nossa Constituição.
Em resposta à ação judicial, Moraes retaliou proibindo todos
os vídeos do Truth Social em todo o país, impondo pesadas multas à X de Elon
Musk (que já tinha sofrido multas semelhantes e uma proibição geral), impondo
uma proibição geral do Rumble no Brasil, exigindo que as empresas americanas
fornecessem informações confidenciais sobre os utilizadores de dissidentes
políticos que procuram refúgio nos Estados Unidos e ameaçando um CEO americano
com acusações criminais.
Os Estados Unidos não podem permitir que juízes estrangeiros
ditem o que os americanos podem dizer, ler ou publicar. O comportamento de
Moraes é precisamente o tipo de abuso autoritário que a Lei Magnitsky Global
foi concebida para combater. As suas flagrantes violações dos direitos humanos,
a sua censura dos opositores políticos e a sua utilização do poder judicial
para manipular eleições justificam sanções imediatas por parte dos EUA.
De fato, a Casa Branca impôs recentemente sanções ao
Tribunal Penal Internacional, estabelecendo um importante precedente para a
tomada de medidas contra um tribunal estrangeiro que actua sem lei e contra os
interesses dos EUA. Apelo à administração Trump e aos meus colegas no Congresso
para que tomem medidas decisivas.
Moraes e os que o apoiam devem enfrentar consequências
reais, incluindo sanções Magnitsky, proibição imediata de vistos e sanções
económicas. O Presidente e o Departamento de Estado têm autoridade para tomar
essas medidas, e Moraes deve responder por suas violações de direitos humanos e
ações antidemocráticas. Se não fizermos nada, estaremos a sinalizar que os
Estados Unidos tolerarão a tirania judicial que ameaça não só a democracia
brasileira, mas os nossos próprios interesses nacionais.
O povo brasileiro merece o direito de escolher os seus
próprios líderes nas urnas, e não que sejam não de serem removidos por um juiz
desonesto. Os Estados Unidos devem defender a democracia, a liberdade de
expressão e o estado de direito lei – antes que seja tarde demais.”