Ataque de piranhas afeta turismo em Pereira Barreto e Prefeitura pede ajuda

• Antônio José do Carmo/fotos moises eustaquio -03/01/2020 17:23

Nenhuma notícia atingiu tanto a vida da população de Pereira Barreto como essa do retorno dos ataques de piranhas que, na verdade, vem ocorrendo de tempos em tempos em praticamente todas as praias dos lagos de usinas hidrelétricas.



O resultado ainda está para ser contabilizado porque o verão está apenas começando. A Praia Pôr do Sol, em Pereira Barreto, é uma das mais bem construídas em toda Alta Noroeste, com quiosques, cidade cenográfica, aquário e museu dos peixes do rio Tietê, além de restaurantes, lanchonetes e toda movimentação econômica que já está sendo seriamente abalada.

Há muitas árvores na praia, sombra e um visual maravilhoso para assistir ao pôr do sol. Por isso, muita gente continua frequentando o local. Mas com esse calor, como segurar as crianças fora da água?


E o noticiário da TV Tem revelou que já foram mais de 30 pessoas atacadas, com perda parcial da ponta dos dedos dos pés. Agora aconselham os banhistas a não entrarem com a água a mais de um metro e meio de profundidade.

E o risco agora está oficializado em placas fixadas na praia. É uma situação profundamente lamentável. As causas são muitas, mas todas relacionadas ao desequilíbrio ambiental provocado pela construção dos reservatórios hidrelétricos.

Em Araçatuba, certa vez, o empresário Renato Gottardi realizou a Festa do Caldo de Piranha no antigo Clube do Parque Veleiro, às margens do rio Tietê. A proposta era interessante, porque pretendia promover o consumo de uma espécie de peixe predador, contribuindo para a redução de sua população no lago de Três Irmãos. Foi um grande evento, tendo como chefe de cozinha nada menos que o arquiteto Mauro Rico.


Nessa época, também se constatou que a piranhas não eram as mesmas que atacavam ferozmente nos rios do Norte do Brasil, mas uma espécie conhecida como “pirambeba” e que não tem costume de atacar pessoas, a menos que elas estejam colocando em risco, por exemplo, algum ponto de sua desova.

Os ataques, segundos os especialistas, é típico de proteção e defesa, pois do contrário eles seriam realizados em bando, causando riscos muito maior para as vítimas.

Na próxima semana, a Prefeitura de Pereira Barreto anunciou que haverá uma reunião com doutores da UNESP de Ilha Solteira, para que ajudem a estudar o caso e apresentar soluções.

O tempo passa e o que se percebe é: a construção de barragens não é uma solução tão limpa como se imaginava. Elas não poluem. Elas ajudaram a acelerar o processo de destruição do ecossistema dos rios e riachos. E o esgoto doméstico e os descartes orgânicos de indústrias ou até dos pescadores são apontados como colaboradores desse gigantesco desequilíbrio, que ameaça virar um caos.