Cassada como vereadora, Thays Joanini é acusada de perseguir assistente social em Independência

Redação -25/07/2020 16:23

Quase quatro anos depois de ter sido cassada por falsificação de documento, a ex-vereadora Thays Joanini volta ao cenário político e policial em Nova Independência, desta vez acusada de perseguição a uma assistente na Secretaria de Promoção Social da Prefeitura, onde ela é a chefe.

Cunhada da atual prefeita, Thais foi denunciada à Promotoria Pública da Comarca de Andradina por improbidade administrativa e abuso de autoridade. O caso também foi encaminhado à Câmara de Vereadores para as devidas providências.

A autora das denúncias é a assistente social Josiane Jaqueline Silva Casarin concursada desde 2006, bacharel em Serviço Social, especialista em Políticas Públicas e Sociais e em trabalho social com famílias e comunidades.


Jaqueline diz que decidiu revelar tudo por não suportar mais as arbitrariedades da chefe

Pela rede social Josiane Jaqueline diz que vai aguardar a imparcialidade da Administração em coibir crimes cometidos por seus secretários e espera que não empurrem a denúncia pra debaixo do tapete, “porque uma enxurrada de provas foi apresentada aos devidos órgãos”.

A assistente usou sua página do Facebook para revelar a perseguição que vem sofrendo de Thays Joanini. “Senhores funcionários públicos tudo tem limite. Sei que têm muitos passando por situações como a minha, mas pra aqueles que não sabem existem leis que nos resguardam”, relatou.

De acordo com a publicação “A lei 4898/65 protege o funcionário público contra práticas abusivas, abuso de poder e perseguição. Um agente político quando está à frente de um cargo público tem princípios que devem ser observados nas suas ações”.

“Porém, a covardia e o abuso do poder fazem pessoas acharem que servidor público é peão de suas fazendas, tratados como animais. Encaram o patrimônio público e a prefeitura como se fossem empresa particular. Assim como eu existem muitos, denunciem, procurem seus direitos. Não ia expor isso aqui, mas chega, cansei! Entreguei a Deus e a Justiça”, enfatiza Josiane Jaqueline .


Assistente se revolta com férias negadas após esperar duas semanas por resposta

SITUAÇÃO GRAVÍSSIMA

“Passei em um concurso público e exerço minha profissão com ética e coerência, porém nesta cidade nem sempre seu conhecimento é válido, especialmente quando não serve para o que lhes interessa. O que estou enfrentando aqui outros passam, mas temem. É uma situação gravíssima de perseguição, abuso de poder e total desrespeito”, afirma a profissional.

“Até hoje tenho lutado apenas pelos meus direitos como servidora. Não tenho problemas políticos com administração, mesmo porque não compactou com uma administração apoiada e cercada por pessoas cassadas quando ocuparam cargos públicos, condenadas judicialmente e alguns até presos.

“Uma secretária que persegue servidor público, mas foi cassada quando vereadora por falsificação de documentos não merece consideração. A verdade é muita clara e só se deixa enganar quem quer tirar proveito disso tudo ou come uma fatia do bolo”, ironiza a assistente.

Josiane Jaqueline acrescenta: “Engana-se quem acha que me humilha ou me expõe a qualquer situação de vexame quando sei que só tenho razões pra me orgulhar. Diploma não se conquista em urna eleitoral, nem em cargo de indicação político. Vergonha é não ter conhecimento técnico nenhum do cargo que ocupa. Pessoas com esse caráter não são referência para mim e minha vida não se resume nessa sujeira toda que transformaram a Prefeitura de Nova Independência. São dignos apenas de vergonha e pena”.

MAIS DESCASO E PERSEGUIÇÃO

Assim que retornou ao trabalho, dias atrás, após uma semana de atestado, a assistente foi surpreendida com a transferência do Órgão Gestor de Assistência Social para novo endereço.

Entretanto, não pôde realizar atendimentos específicos porque a sala onde foi "depositado" seu material de trabalho não estava adequada, conforme reza a legislação, o Código de Ética Profissional, Lei de Regulamentação da Profissão do Assistente Social e Lei Orgânica da Assistência Social. Sequer impressora havia na sala técnica.

O ambiente só foi regularizado com intervenção do Conselho Federal do Serviço Social, através de ofício ao executivo informando sobre a denúncia da assistente ao órgão.


Jaqueline diz que prédio foi adequado para assegurar o atendimento 

Na mesma rede social, Josiane Jaqueline  afirma que seu pedido de férias foi negado após uma espera de duas semanas e classifica isso como perseguição, haja vista outros servidores terem gozado o benefício mesmo sem direito.

Jaqueline também disse ter sido acusada por Thays de um agendamento envolvendo um processo de acolhimento para custear despesas da criança em guarda provisória até a adoção sem autorização dela, “se esquecendo até que assinou o compromisso dentro do Fórum da Comarca”.


Denúncia encaminhada à Câmara de Vereadores para as devidas providências

CASSAÇÃO DE THAYS

Thays foi ré confessa num Inquérito Policial Militar instaurado pelo 28º Batalhão em Andradina, em que figurou como investigado um ex-soldado da PM. Ela admitiu, oito meses após tomar posse como vereadora, ter falsificado um atestado médico em favor do soldado, sob alegação de “mal-estar, fraqueza e dor de cabeça”.

O documento falso, fornecido em receituário do médico D´Álvaro Borges Carneiro, de Dracena, serviu para o PM não cumprir escala de serviço ordinário no rádio patrulhamento em Andradina e Nova Independência.

A vereadora confessou ser amiga do policial e da secretária do médico, Larrisa Cardoso Martinez, de quem obteve a folha do receituário e assinou de próprio punho na frente de Antônio Hilário, que lhe teria passado o CID [Classificação Internacional de Doenças] para ser inserido.

A reportagem tentou contato com Thays Joanini pelo telefone da Secretaria que aparece no site da prefeitura, mas ninguém atendeu ao chamado às 10h57m da última quinta-feira 23.