EDITORIAL SOBRE TURISMO REGIONAL: CIDADE DO QUÊ?

Antônio José do Carmo- Jornalista -29/12/2019 14:07

Agora todos querem fazer turismo. Sair de casa. Nem que seja para não ir tão longe. Mas todos sabem como é bom viajar, conhecer outras cidades, pessoas, histórias. Essa motivação gera o turismo em vários estágios, do regional ou estadual, nacional e internacional.

De um lado tem quem sai de casa, do outro deve ter sempre, quem recepciona, quem recebe e por consequência, quem presta serviços.

Essas coisas não estão muito claras para a população. Muita gente acha as atrações turísticas que as prefeituras incentivam, devem ser para usufruto dos moradores do local. Todo mundo tem uma festa de peão, com feira de gado, um museu municipal, um zoológico ( ainda bem que estão fechando ), um desfile, uma cavalgada e aí por diante.

A nossa região, sobrevive praticamente do turismo de vizinhança e de promover eventos para agradar o público local, e não com uma perspectiva econômica e de negócios.

Os potenciais são muitos, porém carece um planejamento profissional na maioria dos municípios e uma discussão mais abrangente que não se limitasse ao gosto dessa ou daquela gestão administrativa, mas que se tratasse de um programa governamental.

Na primeira lição para ser município atraente é ter uma identidade turística. Toscana, na Itália. Você pode não conhecer, mas associa seu nome a algum tipo de alimento. Você não precisa ser religioso, mas sabe que em São Roque no Estado de São Paulo, tem vinhos bons.

Que em Gramado tem o Festival de Teatro; que no Interior do Espírito Santo tem um dos, melhores turismo rural do Brasil. Que pescar é no Pantanal. E às vezes, a identidade é tão forte que pode atingir um estado inteiro como Minas Gerais para queijos, ou país como Brasil das bananas.

Qual o diferente de nossas cidades, capaz de atrair o mundo? O que somente nossa cidade sabe fazer e faz bem feito? Cada qual tem que encontrar sua vocação diferenciada e trabalhar nela integralmente. Ao invés de 20 eventos num ano, concentrar em apenas um ou dois no máximo.

Nesses 40 anos de jornalismo, uma das coisas que fiz com força foi viajar pelo Brasil. Conheço todas as regiões e fui hospede de hotéis de todo tipo. No Pantanal para entrevistar médicos em descanso, cercados de jacarés, ou morando no Eldorado Boulevard em São Paulo e saboreando da melhor cozinha paulistana. E de tanto trabalhar em congressos de turismo, aprendemos por ouvir e constatar.

Andradina, em toda região, é a primeira cidade a desenvolver um empreendimento que vai ter o nome do município. Por mais que Mário Celso Lopes, o empresário mais arrojado da região, queira chamar seu futuro Parque Aquático de Acqualinda, ele em breve será o Termas de Andradina.

Essa identidade é importante. As águas termais devem direcionar o foco principal das ações de turismo em Andradina e na região. Todos serão chamados a se identificarem. Sua cidade é cidade do quê? Qual a maior festa, ou a maior atração que seja diferente de todas as outras? O sucesso do Termas de Andradina poderá ser ampliado se os municípios da região pegarem a carona, mostrando novas opções ao turista.

Se o município não desenvolver essa visão do turismo, ele continuará fazendo festinhas para a população local ou regional, sem dar o grande salto para que o negócio seja atraente em todo Estado, no Brasil e no mundo por ser inédito, especial, exclusivo. 

(Artigo publicado também na edição do jornal Folha da Região de Araçatuba, onde escrevemos todos os domingos com publicações na segunda-página ) Foto ilustrativa é das obras de construção do Parque Aquático Acqualinda em Andradina