afp -20/07/2021 18:37
O governo francês suspendeu a obrigatoriedade do uso de
máscaras faciais em cinemas, museus, shows ou instalações esportivas que
exigirem a apresentação do passe sanitário para ingresso - uma medida criticada
por vários cientistas.
"Onde quer que o passe sanitário" anticovid-19
seja necessário, as pessoas "poderão tirar suas máscaras",
"salvo ordem expressa pelos prefeitos dos departamentos, em função da
situação epidemiológica", declarou o ministro da Saúde, Olivier Veran, na
rádio RTL, nesta terça-feira (20).
O passe sanitário contra covid-19 informa se seu titular
completou o esquema de vacinação, se está imunizado, ou se testou negativo em
teste recente de PCR. Aprovada por decreto, a medida foi publicada hoje no
Diário Oficial francês entra em vigor amanhã (21).
A decisão se dá no mesmo dia em que o Parlamento começa o
estudo de um projeto de lei que determina vacinação obrigatória para os
profissionais de saúde e que estende o uso do passe sanitário a mais
estabelecimentos, como bares e restaurantes. No sábado, manifestantes foram às
ruas em protesto.
Para Veran, a máscara não é mais necessária, porque, com o
passe, "estamos seguros de que todas as pessoas que entram estão
totalmente vacinadas, ou têm um teste negativo recente".
Ao contrário do público, os funcionários destes
estabelecimentos terão de continuar usando a máscara, disse o ministro do
Trabalho.
O epidemiologista Dominique Costagliola recebeu o anúncio da
medida "com estupor". "É uma má ideia", disse ele à rádio
France Inter.
"Devemos caminhar com todo rigor para combater essa
pandemia, e não retirar algumas medidas, quando novas chegar", completou.
"Esta decisão impede o acesso a estes lugares de cerca
de 250.000 pessoas imunodeprimidas graves, que têm passe sanitário, estão
vacinadas, mas com um risco alto (...) e que só podem contar com que todos usem
a máscara para se proteger", reagiu a associação de transplantes de fígado
Renaloo.
Sob o impacto da variante Delta, mais contagiosa, o governo
francês já fala em uma "quarta onda", registrando uma média diária de
8.000 casos nos últimos sete dias, contra 1.850 em junho.