terra -12/09/2024 13:06
De acordo com um levantamento do Laboratório de Análise e
Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), alguns dos maiores rios do país estão diminuindo. Atualmente, o
Brasil passa pela principal seca da sua história, que já afeta 55% do
território nacional.
O laboratório usou um satélite para fazer o monitoramento
nos corpos de água, e detectou reduções na vazão de rios, lagos e reservatórios
no Sudeste, Amazônia e Centro Oeste.
Rios afetados
Pelo menos 12 grandes rios já perderam volume. A lista
elaborada na pesquisa inclui os rios Manso, Paraníba e equitinhonha, em Minas
Gerais; o Rio Tocantins entre Tocantins e Maranhão; e o Rio Paraná que fica
entre São Paulo e Mato Grosso do Sul. Além disso, o Rio São Francisco,
considerada a terceira maior bacia hidrográfica do país, perdeu 60% da sua
vazão nos últimos 30 anos.
Quando se trata da Amazônia, os rios Mamiá, Tefé e Badajós
registram as paiores perdas. O Tefé tem 350 km de extensão, e forma o lago do
Tefé até desembocar no Rio Solimões. Já o Rio Mamiá é cercado por 30 mil
hectares de floresta preservada, que abriga espécies em risco de extinção.
Atividades financeiras
O professor Humberto Barbosa, responsável pelo estudo,
alerta que a redução dos principais rios do Brasil prejudica toda a população.
Além de definir o abastecimento humano e animal, o nível de água dos rios,
lagos e reservatórios afeta o transporte e a geração de energia.
O estudo revela que ao menos nove usinas hidrelétricas podem
ser prejudicadas por causa da redução do volume de água. Uma delas é a segunda
maior barragem do Brasil, a Usina Hidrelétrica de Irapé, banhada pelo Rio
Jequitinhonha. O Rio Parnaíba abriga a Usina Hidrelétrica de São Simão, por
exemplo.
Similarmente, o Rio São Francisco gera energia para cinco
usinas diferentes: Sobradinho, Apolônio Sales, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e
Xingó.
Consequências internacionais
A redução no volume de água pode afetar também os
territórios ao redor do Brasil. O lago de Baía Grande, por exemplo, faz parte
da bacia Amazônica, fica entre Brasil e Bolívia. Com uma superfície de 100 km2,
pertence 52% ao país vizinho e 48% ao nosso país.
Na Bolívia, a área é parte de uma unidade de conservação de
manejo integrado. No Brasil, porém, o acesso é controlado por fazendeiros,
conforme denunciam os pesquisadores Denildo Costa, da Universidade Federal do
Mato Grosso (UFMT), e Mauro Crema.