isto é -06/04/2020 20:32
O Ministério da Saúde estabeleceu novas orientações em
relação ao distanciamento social para combater a pandemia do novo coronavírus
(covid-19). Em Boletim Epidemiológico divulgado hoje (6), a equipe do
órgão cria diferentes formas de isolamento e recomenda regras mais leves para
municípios que ainda não estejam com alta ocupação de leitos nas unidades de
saúde.
Segundo a nova orientação, haveria duas categorias de
distanciamento: o ampliado e o seletivo. O ampliado é o que foi adotado pelos
estados até o momento. Na nova diretriz da pasta, os municípios e estados em
que os casos confirmados não tenham resultado em uma ocupação de leitos maior
do que 50% da capacidade do local devem migrar da modalidade ampliada para a
seletiva.
O distanciamento seletivo seria aquele no qual “apenas
alguns grupos ficam isolados, sendo selecionados os grupos que apresentam mais
riscos de desenvolver a doença ou aqueles que podem apresentar um quadro mais
grave, como idosos e pessoas com doenças crônicas (diabetes, cardiopatia etc.)
ou condições de risco como obesidade e gestação de risco”. Nesse modelo, as
pessoas com menos de 60 anos podem circular livremente, desde que não
apresentem sintomas da covid-19.
Essa transição do distanciamento social ampliado para o
seletivo, conforme a recomendação, deve começar na próxima segunda-feira (13).
Já os locais que apresentam coeficiente de incidência da
pandemia 50% acima da estimativa nacional devem manter o distanciamento
ampliado até que o estoque de equipamentos, insumos e força de trabalho em
saúde estejam “disponíveis em quantitativo suficiente, de forma a promover, com
segurança, a transição para a estratégia de distanciamento social seletivo
conforme descrito na preparação e resposta segundo cada intervalo epidêmico”,
pontua o boletim epidemiológico.
As unidades federativas com coeficiente 50% acima da taxa
média de incidência são, no balanço de hoje divulgado pelo Ministério da Saúde:
São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Distrito Federal.
De acordo com o Boletim Epidemiológico, o
distanciamento social ampliado é “essencial para evitar uma aceleração
descontrolada da doença”, mas sua manutenção prolongada “pode causar impactos
significativos na economia”.
Já o distanciamento seletivo possibilitaria a “retomada da
atividade laboral e econômica” com “criação gradual de imunidade de rebanho de
modo controlado”. Por outro lado, nesse caso “grupos vulneráveis continuarão
tendo contato com pessoas infectadas assintomáticas ou sintomáticas, tornando
mais difícil o controle”.
A mdança vai ao encontro da posição do presidente Jair
Bolsonaro, que vem defendendo a necessidade de retomada das atividades
econômicas para impedir ou mitigar prejuízos na esfera da produção.
Até então, o Ministério da Saúde vinha enfatizando a
importância do distanciamento social tal qual adotado pelos estados. Em
diferentes entrevistas coletivas, o titular da pasta, Luiz Henrique Mandetta, e
secretários responsáveis pela resposta à pandemia ponderaram a importância
dessas medidas para impedir o colapso do sistema de saúde, que o ministro
chegou a projetar para o fim de abril.
Em coletiva hoje no Palácio do Planalto, o secretário de
Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, lembrou que o Brasil levou 17 dias
para chegar do primeiro ao 100º caso, mais sete dias para ir até o 1.000º caso
e 14 para chegar aos 10.000 casos confirmados.