r7 -01/08/2021 19:48
A ginasta Rebeca
Andrade entrou para a história, neste domingo (1º), ao conquistar a segunda
medalha inédita para o Brasil na modalidade feminina, nos Jogos de Tóquio. No judô, Mayra
Aguiar levou o bronze, na quinta-feira (29), e se tornou a primeira mulher
brasileira a somar três pódios em Jogos em uma competição individual. Além das
vitórias que as consagraram, as atletas têm em comum um histórico de lesões no
joelho que quase as tiraram do esporte.
Rebeca foi operada
três vezes e Mayra, sete.
Ambas com lesões na região chamada de cruzado anterior, que, segundo o
ortopedista Alexandre Stivanin, especialista em cirurgia do joelho, é o tipo
mais comum entre os atletas.
Em entrevista ao Conexão Família, a mãe de Rebeca, Rosa
Santos, disse que a filha pensou em desistir da ginástica após as lesões.
"Essa lesão ocorre quando a tíbia vai para frente e
rompe a estrutura que dá estabilidade ao joelho. Quando isso ocorre, o atleta
precisa ser afastado para fazer um tratamento cirúrgico e uma reabilitação.
Fazendo isso, ele tem grandes chances de voltar para o esporte de alto
nível", explica.
Apesar de haver tratamento, uma lesão grave na região pode
acabar com o sonho de um atleta. A ginasta brasileira chegou a afirmar que
pensou em desistir da carreira em 2015, quando passou pela primeira cirurgia.
Já Mayra, que passou pela última em 2020, quase ficou de fora da Olimpíada se não tivesse
conseguido se recuperar a tempo.
O ortopedista destaca que as novas tecnologias disponíveis
para a realização de cirurgias no joelho ajudaram a abreviar o tempo de
reabilitação dos pacientes e se tornaram fundamentais para que os atletas
sintam mais confiança na reabilitação e consigam voltar mais rápido para os
treinos.
"São tecnologias que vão desde infiltrações com substâncias
que ajudam a lubrificar o joelho, cirurgias onde colocamos membrana de
cartilagem no joelho e até cirurgias onde induzimos células tronco. Mas, claro,
o atleta precisa respeitar o tempo de reabilitação e fazer fisioterapia. O
fortalecimento é uma jornada em que caminhamos junto com eles para ter esse bom
resultado", afirma.
Neste sentido, a fisioterapeuta Adriana De Bortoli,
especialista em fisiologia do exercício pela USP (Universidade de São Paulo),
explica que conseguir competir em alto nível não significa necessariamente
parar com os cuidados no joelho, mas sim apresentar condições de voltar para a
disputa.
"O tratamento das lesões requer um programa intensivo
de fisioterapia para que o atleta consiga se manter nas competições, o que
exige muito comprometimento e foco. Muitas vezes, após a demanda excessiva das
disputas, ele precisa continuar com o tratamento", afirma.
Além disso, os especialistas destacam que, depois das
competições, os atletas precisam de um tempo de descanso, sem treinos, para
garantir a reabilitação da cartilagem e das estruturas do joelho.
Sequelas
Ainda segundo o ortopedista Alexandre Stivanin, a depender
da gravidade da lesão, o atleta pode enfrentar problemas no joelho mesmo após o
fim da carreira no esporte.
"Se for uma lesão como de cruzado anterior, em que
houve uma cirurgia que restabeleceu a função da articulação, usualmente o
atleta pode ficar sem sequela nenhuma. Mas se foi uma lesão de menisco ou de
uma estrutura que absorve o impacto do joelho, que não suturou ou não fez a
correção, isso pode levar a uma artrose precoce e trazer problemas a longo
prazo", explica Stivanin.
A fisioterapeuta Adriana De Bortoli ressalta que, mesmo após
os atletas pararem de competir em alto nível ou mesmo de praticarem
completamente o esporte, os joelhos continuam sendo exigidos naturalmente pelo
corpo.
"Quando os atletas se aposentam, as lesões podem se
tornar um problema, pois esta é uma articulação que anatomicamente sofre
sobrecarga e dependendo da lesão prévia, pode acelerar o processo de desgaste.
A demanda da prática esportiva é muito alta, mas a aposentadoria não isenta o
trabalho dos joelhos, que é solicitado quando nos levantamos, sentamos, andamos
ou até mesmo ficamos em pé", explica.