r7 -03/04/2021 21:14
Agnaldo Timóteo Pereira nasceu em 16 de outubro de 1936, em
Caratinga, Minas Gerais. Foi no município mineiro, aliás, que o cantor,
compositor e político passou toda a infância. O interesse pela música começou
ainda criança, quando fez apresentações em circos que visitavam a cidade natal. O
artista morreu neste dia 3 de março de 2021, por complicações da covid-19
Os primeiros passos da carreira profissional foram dados
quando ele participou, como calouro, de programas de rádio na cidade natal,
Governador Valadares e Belo Horizonte. O cantor construiria uma história
marcada por luta, dificuldades, sucessos, polêmicas, trajetória política e
inúmeras participações em programas de rádio e televisão.
Com apenas 16 anos, já morando em Governador Valadares, o músico tinha o hábito
de deixar de lado o trabalho de torneiro mecânico para ouvir Angela Maria, a
quem admirava publicamente e, anos depois, teve o prazer de trabalhar e se
tornar amigo pessoal
Na tentativa de gravar um disco, mudou-se para Belo Horizonte,
aonde ficou conhecido como ‘Cauby mineiro’ — por conta da semelhança de timbre
com Cauby Peixoto, fenômeno musical nos anos 1950. Entretanto, a experiência
não trouxe o sucesso que ele esperava, mas, possibilitou o surgimento de
convites para imitar o astro em programas de rádio e eventos
Aconselhado por Angela Maria a se mudar para o Rio de Janeiro,
aonde, segundo a cantora, ele teria mais oportunidades de mostrar o trabalho
autoral, o músico enfrentou um começo difícil na capital fluminense
Foi na cidade, inclusive, que o compositor conheceu Roberto
Carlos, que, à época, também havia se mudado para a cidade em busca de
oportunidades profissionais. Agnaldo chegou a declarar ao longo da trajetória
os perrengues que enfrentou ao lado do ídolo da Jovem Guarda. Os dois
costumavam a ir a pé às rádios porque não tinham o dinheiro para o bonde.
Com dificuldades financeiras, o músico procurou Angela Maria
e pediu para trabalhar como motorista dela, que, na época, possuía um
automóvel, mas não dirigia. A história com a cantora, aliás, está diretamente
ligada a momentos importantes da vida dele.
Por indicação de uma das maiores estrelas da história do rádio brasileiro,
Agnaldo Timóteo gravou o primeiro trabalho, que contava com as canções Sábado
no Morro e Cruel Solidão. Em 1963, veio o compacto Tortura de
Amor, mas, que acabou sendo vendido de mão em mão pelo próprio compositor
porque a gravadora não colocava fé no sucesso dele.
Em 1965, venceu todos os prêmios do programa Rio Hit
Parade, da TV Rio, ganhando a simpatia do público jovem e assinando contrato
com a EMI-Odeon. O primeiro sucesso da carreira veio com o disco Surge um
Astro, que contava com versões estrangeiras e que marcaria a característica
romântica que acompanhou cantor ao longo de décadas. À época, participou de
edições do programa Jovem Guarda — atração produzida entre 1965 e 1968
pela TV Rio e Record TV.
Agnaldo, que contabiliza mais de 50 discos gravados, ficou
nacionalmente conhecido ao gravar Meu Grito, canção composta por Roberto
Carlos. Entre os grandes sucessos da longa carreira, Ave-Maria, Mamãe e Verdes
Campos foram alguns dos grandes marcos da trajetória musical.
Em 1975, Agnaldo apresentou a Galeria do Amor — primeira composição
própria e um dos marcos para o surgimento do estilo musical que ficaria
conhecido com 'Brega'. Dois anos depois, em 1978, ele transitou por movimentos
em alta, como Bossa Nova, com a gravação do sucesso Por Causa de Você,
composição assinada por Dolores Duran e Tom Jobim.
O disco de maior sucesso na carreira foi o Perdido na Noite, que contou
com composições próprias como Aventureiros e O Conquistador.
Sempre muito discreto em relação a vida pessoal, o cantor
nunca assumiu publicamente os seus relacionamentos. Entretanto, em 2017, no
documentário Eu, Pecador, que trouxe à tona passagens da trajetória do
músico até então inéditas, Agnaldo falou abertamente de romances vividos
com outros homens.
Com as mudanças no cenário fonográfico brasileiro e
surgimento de interesses pessoais, o ritmo de shows foi diminuindo com os anos
e o cantor passou a conciliar a música com a carreira política, que começou em
1982, pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista). À época, ele foi eleito
o deputado federal mais votado da história do estado do Rio de Janeiro.
Em 1994, foi eleito novamente deputado federal pelo estado fluminense. Além
disso, exerceu três mandatos como vereador. O primeiro no Rio, em 1996, e dois
pela cidade de São Paulo, em 2004 e 2008 — respectivamente
Uma das participações na televisão mais lembradas nos anos
2000, foi na terceira edição do reality show Casa dos Artistas, do SBT, em
2002. À época, a edição apresentada por Silvio Santos misturou famosos e fãs.
Ele, inclusive, foi responsável por votar para que a própria fã, Silvana,
deixasse a atração. O músico foi o terceiro eliminado da temporada