r7 e reuters -17/06/2022 15:22
Um italiano morreu na última quinta-feira (16) no primeiro
caso de suicídio assistido da Itália, segundo uma associação que faz campanha
pela eutanásia legal.
Federico Carboni, 44, era ex-motorista de caminhão e ficou
tetraplégico, há 12 anos, após um acidente de trânsito.
O homem morreu com a família ao lado da cama dele depois de
administrar um coquetel de medicamentos letais. Uma máquina especialmente
projetada para esse fim foi utilizada.
“Não nego que me arrependo de ter me despedido da vida”,
disse ele à Associação Luca Coscioni, que o ajudou a superar a resistência dos
tribunais e das autoridades de saúde.
“Fiz tudo o que pude para viver da melhor maneira possível e
tentar aproveitar ao máximo minha deficiência, mas agora estou no fim das
minhas forças, tanto mental quanto fisicamente”, completou Carboni.
O Tribunal Constitucional da Itália abriu o caminho para o
suicídio assistido em 2019, diante da forte oposição de partidos conservadores
e da Igreja Católica Romana, mas disse que as autoridades de saúde locais
precisam revisar e aprovar cada pedido.
Alguns pacientes em busca de autorização acusaram as
autoridades de arrastarem deliberadamente para não decidir a respeito do tema.
Carboni obteve permissão para receber os medicamentos letais
em novembro de 2021, depois de vencer dois processos judiciais e superar uma
recusa inicial dos órgãos de saúde.
Em decisão final, um painel de ética disse que a condição de
Carboni atendeu aos requisitos estabelecidos pelo Tribunal Constitucional, que
incluíam uma patologia crônica e irreversível causando um sofrimento que a
pessoa considera intolerável.
O caso dele ajudou a movimentar o apoio aos defensores do
direito de morrer, que, no ano passado, coletaram mais de um milhão de
assinaturas para tentar forçar um referendo que tornaria a eutanásia mais
acessível.
No entanto, o Tribunal Constitucional rejeitou a petição,
dizendo que uma votação sobre o assunto não protegeria suficientemente as
pessoas “fracas e vulneráveis”.
“Continuaremos lutando para que obstruções semelhantes e
violações da vontade dos doentes não se repitam”, afirmou a Associação Luca
Coscioni.
Buscando ajuda
O suicídio assistido é um tema controverso que, apesar de
ter autorização legal na Suíça, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Espanha, é
amplamente questionado mundialmente.
Também não deve ser confundido com o suicídio comum, que é
um ato de desespero de alguém em profundo sofrimento psicológico. Essas
pessoas podem — e devem — procurar ajuda.
Depressão é uma doença para o qual há tratamento, e é
possível voltar a ter uma vida normal.
No Brasil, o CVV (Centro de Valorização à Vida) oferece
atendimento gratuito para acolhimento de pessoas que em algum momento cogitaram
tirar a própria vida.
A entidade, sem fins lucrativos, foi fundada há 57 anos e
tem representação em 19 estados e no Distrito Federal. O telefone 188 (gratuito
para todo o país) é o principal canal de atendimento.
Milhares de voluntários que integram o CVV trabalham
diariamente. Também é possível entrar em contato pelo chat no site, no qual
disponibiliza uma lista de endereços físicos das unidades.