Número de infartos mais que dobra no Brasil em 15 anos

g1 -09/07/2023 09:42

Os casos de infartos registrados por mês, no Brasil, mais que dobraram nos últimos 15 anos. Os números são de um estudo inédito do Instituto Nacional de Cardiologia.

Maria Alzira infartou pela primeira vez em 2012, quando tinha 58 anos. Em 2014, aconteceu de novo.

“Foi dor no peito, cansaço”, lembra.

O aposentado Gerson Barreto, de 66 anos, estava acompanhando a filha em uma cirurgia quando infartou.

“Eu senti uma dor no peito, me retirei para não preocupar ninguém. Depois de passar por alguns exames, ficou constatado que eu realmente tive um infarto”, conta.

Nos últimos 15 anos, a média mensal de internações por infarto em homens, no Brasil, saltou de 5.282 para 13.645 - um aumento de 158%. Entre as mulheres, a média subiu na mesma proporção.

Pesquisadores analisaram os registros de internação pelo SUS entre 2008 e 2022. Os dados representam de 70% a 75% de todos os pacientes do país.

“Sem dúvida, um infarto miocárdio acontece em populações mais idosas. Mas a gente sabe também que é um aumento da prevalência da obesidade da população”, afirma Aurora Issa, diretora-geral do INC.

Os pesquisadores também conseguiram quantificar uma relação que já era prevista, mas que precisava ser medida: o aumento do número de infartos durante o inverno. Em 2022, o número de infartos foi 27% maior no inverno do que no verão - entre mulheres e homens.

“O frio leva a vasoconstrição, que a contração dos vasos. Outras explicações que existem são ligadas a um aumento do número de infecções no inverno também. A pessoa que tem infarto, na grande maioria das vezes, ela já tem a placa de gordura nas artérias. O que leva ao infarto, o substrato para isso, é uma inflamação na placa de gordura e a formação de um trombo em cima dessa placa. E as infecções, muitas vezes, são um gatilho para essa inflamação", explica Aurora Issa.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. A prevenção passa por mudanças simples, como seguir uma dieta saudável e praticar exercícios físicos. Hábitos que Gerson adquiriu depois do infarto.

“Espero ver, ainda, os meus netos, porque quando eu cheguei aqui, eu achava que não ia conhecer netos. Mas eu estou mais do que esperançoso, certo de que isso aqui me dá essa garantia”, diz Gerson Barreto.

Maria Alzira se trata há dez anos e viu a família crescer com seis netos e um bisneto.

“Eu estou conseguindo aproveitar com a minha família. Estou cada vez melhor”, comemora.