r7 -08/02/2022 10:09
Um dos medicamentos mais comuns de serem consumidos por quem
sente dor está associado a um risco maior de infarto e derrame. Pesquisadores
da Universidade de Edimburgo, na Escócia, concluíram que o uso regular de paracetamol pode ser ruim para indivíduos que têm
hipertensão, doença que aumenta o risco de eventos cardiovasculares.
Em um artigo publicado nesta segunda-feira (7) na revista
científica Circulation, da Associação Americana do Coração, os
cientistas analisaram grupos que utilizam o paracetamol para o tratamento de
dores crônicas.
Eles estudaram 110 pacientes com histórico de pressão alta
que haviam recebido prescrição médica para uso de 1 g de paracetamol quatro vezes
ao dia, o que os autores descrevem como uma quantidade rotineiramente prescrita
a pacientes com dor crônica.
Uma parte tomou o paracetamol e a outra recebeu placebo
(substância sem efeito no organismo), sem que cada um soubesse o que estava
ingerindo. Todos foram acompanhados ao longo de duas semanas.
Ao final, os pesquisadores perceberam que o grupo que havia
tomado paracetamol teve um aumento significativo da pressão arterial quando
comparado ao restante, que tomou placebo.
O paracetamol costuma ser receitado como alternativa
aos anti-inflamatórios não esteroides, que são conhecidos por
aumentar a pressão arterial e o risco de doenças cardíacas, salientam os
autores.
Todavia, as chances destes eventos foram observadas na mesma
proporção com o paracetamol – risco 20% maior de ter um infarto ou derrame.
Um dos autores do trabalho ressalta que a descoberta pode
levar a novas abordagens e até revisões dos tratamentos de longo prazo de
pacientes que sofrem de hipertensão.
"Médicos e pacientes juntos devem considerar os riscos
versus os benefícios da prescrição de paracetamol a longo prazo, especialmente
em pacientes com risco de doença cardiovascular", diz em comunicado James
Dear, presidente de farmacologia clínica da Universidade de Edimburgo.
Para o pesquisador principal deste estudo, o professor David
Webb, presidente de Terapêutica e Farmacologia Clínica da Universidade de
Edimburgo, é necessário que os médicos iniciem tratamentos mais longos com
paracetamol em doses baixas.
"Dado os aumentos substanciais da pressão arterial
observados em alguns de nossos pacientes, pode haver um benefício para os
médicos ficarem de olho na pressão arterial em pessoas com pressão alta que
iniciam recentemente o paracetamol para dor crônica."
Todavia, outro autor do estudo, Iain MacIntyre, tranquiliza
pacientes que fazem uso esporádico do paracetamol.
“Não se trata do uso a curto prazo de paracetamol para dores
de cabeça ou febre, o que é, obviamente, bom – mas indica um risco
recém-descoberto para pessoas que tomam regularmente a longo prazo, geralmente
para dor crônica."
Cabe ressaltar que altas doses de paracetamol também têm
efeito tóxico para o fígado. Apesar de ser um medicamento vendido sem receita
no Brasil, a orientação aos pacientes é para seguirem as instruções da bula e,
em caso de dúvidas, procurar um médico ou farmacêutico.