g1 -04/10/2021 17:01
As ações do Facebook têm queda de mais de 5% na bolsa de
valores americana após a revelação da fonte que vazou documentos internos da
empresa no fim de semana e com a queda de serviços em escala global na manhã
desta segunda-feira (4).
A ex-funcionária do Facebook Frances
Haugen, de 37 anos, trabalhou como gerente de produtos na companhia e era
responsável por projetos relacionados com eleições. Ela
revelou sua identidade no último domingo (3) em entrevista à emissora americana
"CBS News" durante o programa "60 Minutes".
Foi a partir dos documentos obtidos por ela que o "Wall
Street Journal" publicou reportagens em meados de setembro indicando que o
Facebook protegia celebridades das regras de conteúdo, que a empresa sabia
que o Instagram é "tóxico"
para os adolescentes e que a resposta da empresa às preocupações dos
funcionários sobre o tráfico de pessoas foi muitas vezes "fraca".
Durante a entrevista à emissora de TV "CBS News",
Haugen acusou o Facebook de "colocar os lucros acima da segurança" e
afirmou que "agiu para ajudar a incentivar mudanças na gigante das mídias
sociais, não para despertar raiva".
"O Facebook ganha mais dinheiro quando você consome
mais conteúdo. As pessoas gostam de se envolver com coisas que provocam uma
reação emocional. E quanto mais você sentir raiva, mais vai interagir, mais vai
consumir“, disse Haugen.
Engenheira da computação de formação, Haugen já trabalhou
para outras empresas de tecnologia, como o Google e o Pinterest, e
se especializou na criação de algoritmos que decidem o que as pessoas irão
visualizar em seus feeds. Segundo ela, o Facebook é "substancialmente
pior" que tudo o que já viu antes.
Desde setembro, quando o esquema denunciado por Haugen foi
exposto pelo WSJ, as ações do Facebook colhem queda de cerca de 10%.
Facebook nega acusações
O Facebook reagiu às reportagens do "Wall Street
Journal". Nick Clegg, vice-presidente de relações globais do Facebook,
publicou uma série de tuítes em 18 de setembro apontando o que chamou de
"caracterizações errôneas" das matérias.
Segundo ele, as alegações de que o Facebook ignoraria de
forma deliberada e sistemática pesquisas inconvenientes são "falsas".
A rede também disse que os documentos vazados foram divulgados ao público
"sem contexto" o suficiente e decidiu publicar os materiais com
"anotações".
Ao g1, o Facebook disse que: "Todos os dias,
nossas equipes trabalham para proteger a capacidade de bilhões de pessoas de se
expressar abertamente e, ao mesmo tempo, manter nossa plataforma um lugar
seguro e positivo. Continuamos a fazer melhorias significativas para combater a
desinformação e conteúdo prejudicial em nossos serviços. Sugerir que
encorajamos conteúdo nocivo e não fazemos nada a respeito simplesmente não é
verdade".
Pane global
Somado ao escândalo, WhatsApp,
Instagram e Facebook apresentaram instabilidade no começo da tarde desta
segunda-feira (4). Internautas em todo o mundo estão relatando dificuldade
pra acessar os 3 serviços — todos do Facebook.
O termo WhatsApp se tornou o primeiro nos Trending Topics do
Twitter no Brasil por volta das 12h50. Cerca de meia hora depois, o concorrente
Telegram, que segue no ar, passou a ser o segundo mais comentado.
Às 13h10, o site Downdetector, que monitora reclamações
sobre serviços da internet, registrava cerca de 40 mil queixas sobre o
WhatsApp. Para o Instagram, eram cerca de 10 mil e, para o Facebook, 5 mil.