Assentado chora a morte de filhote de veado que criava após incêndio

redação impacto online -01/11/2020 15:36

Foi triste ver o assentado Orivado Ortiz derramando lágrimas ao enterrar um filhote de veado [cervo-do-pantanal - no fundo do barraco no lote Rosa de Sarom, no Assentamento Bandeirante, em Paulicéia, neste último sábado 31 pela manhã.

Após duas semanas tratando do animal à base de mamadeira com leite de vaca, Orivaldo e a esposa Graciete tiveram que enfrentar a dor da perda. “A Vida, que antes havíamos batido de Princesa, infelizmente se foi, apesar de todo o esforço para ver sua recuperação”, lamentou o ruralista. “Só queria vê-la viver”, reiterou, com um nó na garganta.



A espécie - cervo-do-pantanal - apareceu no lote vizinho durante um incêndio que atingiu aquela região neste último mês de outubro, provavelmente após se perder da mãe. Por sugestão da Polícia Ambiental, o casal se responsabilizou em cuidar da corça até ela se recuperar de algumas queimaduras leves e reunir condições de retornar ao seu habitat [maior parte devastada] ás margens do rio Paraná.


Com a ajuda de Josué Garcia, líder do Assentamento distante 25 km do centro urbano, o casal foi orientado por um veterinário sobre os cuidados para com o filhote, mesmo sem recursos financeiros adquiriu alguns medicamentos para curar os ferimentos e até soro. Entretanto, o animal não resistiu.

Com o objetivo de registrar imagens da corça para o seu livro “Rios do Oeste”, a fim de reportar a necessidade de conservação da espécie ameaçada de extinção, o repórter Moisés Eustáquio, do Jornal Impacto e Projeto Rios do Oeste, foi ao local, mas se deparou com clima de tristeza e desalento.


Josué Garcia, líder do assentamento, também demonstrou tristeza com a morte do filhote

CONSERVAÇÃO DO CERVO-DO- PANTANAL

A espécie é símbolo do Parque Estadual do Aguapei, alguns quilômetros do Assentamento e é preocupante a situação dela, visto que sua área de distribuição está bastante reduzida, não só pela destruição de seu habitat, como por um forte pressão de caça e doenças introduzidas pelo gado doméstico. No estado de São Paulo, a situação é crítica, restando apenas duas populações nas bacias do rio Aguapeí e do Peixe, próximo a foz desses rios.

É preponderante ações para a conservação dessa espécie no parque, visto que a espécie, antes encontrada no estado de São Paulo como um todo, com exceção da região leste e da Serra do Mar, hoje está praticamente restrito ao Parque Estadual do Aguapeí e ao Parque Estadual do rio do Peixe, e com suas populações declinando. Há projetos de reintrodução da espécie, mas poucos resultados animadores. No Parque Aguapeí, as populações sofrem com o isolamento, a pressão de caça e atividades agropecuárias, já que a proximidade com o gado doméstico expõe os cervos à doenças como a febre aftosa.


A espécie é símbolo do Parque Estadual do Aguapei, alguns quilômetros do Assentamento