g1 -02/12/2020 12:12
Em carta enviada à Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) na semana passada, o Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) aponta preocupação com o abastecimento de energia
elétrica no país.
No documento, obtido pela TV Globo, o órgão prevê
“dificuldade no atendimento eletroenergético, pelo menos até o final deste ano”
em razão do baixo nível dos reservatórios. O documento embasou a decisão
da Aneel de autorizar cobrança extra na conta de luz dos consumidores a
partir desta terça-feira (1º).
Em 26 de maio, a Aneel havia anunciado que não haveria esse
tipo de cobrança até 31 de dezembro deste ano, em razão da pandemia do novo
coronavírus.
O nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste
— responsável pela geração de cerca de 70% da energia consumida no país — está
em 17,72% e do subsistema Sul em 18,25% da capacidade total. Além disso, de
acordo com o ONS, as condições hidrológicas para o mês de dezembro são
“desfavoráveis”.
Importação e acionamento das térmicas
O ONS diz que a situação crítica nos dois subsistemas
persiste mesmo com as medidas já adotadas pelo Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE).
Em outubro, o comitê autorizou o acionamento
de usinas térmicas, cuja energia é mais cara, e a importação de energia da
Argentina e do Uruguai.
Por essa razão, o ONS julga necessário o acompanhamento da
evolução das condições hidroenergéticas no decorrer do mês de dezembro e
considera importante a avaliação “por parte do CMSE da adoção de medidas
adicionais visando a garantia do atendimento eletroenergético do SIN [Sistema
Interligado Nacional] neste horizonte, bem como no início do ano de 2021”.
Na última sexta-feira, o CMSE realizou uma reunião
extraordinária e decidiu propor o acionamento de térmicas que utilizam gás
natural liquefeito — que precisam ser acionadas com 60 dias de antecedência — e
a flexibilização de restrições hidráulicas das usinas hidrelétricas da bacia do
São Francisco, de Ilha Solteira e de Três Irmãos.
O ONS avalia ainda no documento que, em outubro, a chamada
Energia Natural Afluente, que mede a capacidade de geração da energia a partir
da vazão de água de uma bacia para um reservatório, atingiu o mais baixo
patamar dos últimos 90 anos. Em novembro, apresentou o segundo pior desempenho
no mesmo período.
“Essa situação de afluências críticas vem acarretando um
acentuado esvaziamento dos principais reservatórios do SIN, através da qual é
possível verificar a deterioração das condições de armazenamento dos principais
reservatórios de usinas que compõem os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul”,
diz o órgão.