r7 -23/07/2021 23:40
Entidades que reúnem caminhoneiros autônomos do país estão
convocando manifestações
para este domingo (25), em meio a chamamentos esparsos de greve nacional de
uma pulverizada categoria que enfrenta preços elevados de combustíveis, mas que
segue dividida no apoio ao governo de Jair Bolsonaro.
Chamados para greves nacionais estão sendo feitos há meses
por parte da categoria, mas as convocações até agora não conseguiram uma união
como a que ocorreu em maio de 2018. Naquele momento, a paralisação de cerca de
10 dias dos motoristas forçou o governo do então presidente Michel Temer a
aprovar às pressas uma tabela de pisos mínimos de frete que até hoje aguarda
avaliação de legalidade pelo Supremo Tribunal Federal.
Nesta sexta-feira (23), a CNTTL (Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Transporte e Logística), vinculada à CUT, afirmou em
comunicado que apoia o movimento e que "orienta que todos os seus 800 mil
caminhoneiros autônomos e celetistas participem desse movimento, fazendo
protestos em suas localidades". O texto não menciona especificamente a
convocação de greve.
A chamada pela paralisação dos motoristas está sendo feita
pelo CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas),
entidade criada no ano passado.
Em fevereiro, depois de uma fracassada convocação de greve
pela CNTRC, em meio a sucessivos
aumentos de preços de combustíveis pela Petrobras, Bolsonaro fez
ameaças de troca do presidente da estatal, fato que acabou se consumando em
meados de março, com a não renovação do contrato de Roberto Castello Branco.
Segundo a CNTTL, os caminhoneiros cobrarão no domingo
revisão da política de preços da Petrobras, que acompanha os preços
internacionais do petróleo, e também "aprovação da aposentadoria especial
aos 25 anos de trabalho e julgamento da constitucionalidade do Piso Mínimo de
Frete" pelo STF.
"Em 2018 o Brasil parou porque o diesel estava em R$
2,93 o litro. Hoje, o diesel é no mínimo R$ 4,30 e os fretes pagos pelo
transporte de cargas são os mesmos de 2018, 60% do valor do frete é gasto com
combustível", afirmou o porta-voz da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer,
em comunicado à imprensa.
Procurado, o Ministério da Infraestrutura questionou a
representatividade do CNTRC e afirmou que "reforça a necessidade de
entender o caráter difuso e fragmentado de representatividade do setor, seja
regionalmente, seja pelo tipo de carga transportada, antes de divulgar qualquer
informação referente à categoria".
"Nenhuma associação isolada pode reivindicar para si
falar em nome do transportador rodoviário de cargas autônomo", acrescentou
o ministério.