g1 -08/08/2021 22:42
Esta semana, uma marca importante foi alcançada: mais
de cem milhões de brasileiros estão vacinados com a primeira dose ou dose única
da vacina contra Covid. Os cientistas torcem para que a vacinação ganhe a
corrida contra a variante delta e outras variantes que possam surgir, e querem
descobrir por quanto tempo ficaremos protegidos. No Brasil, já estão sendo
realizados testes com doses de reforço.
O que a ciência sabe até agora é que alguns meses
depois da segunda dose de qualquer vacina a quantidade de anticorpos cai. Mas
isso não significa que as pessoas ficarão vulneráveis.
“Quando vocês ouvirem falar que anticorpos diminuíram, não
se assustem, porque os anticorpos vão diminuir. É natural que diminuam, mas
isso não quer dizer que não tem a proteção. Os anticorpos são aquela primeira
linha de defesa do organismo, mas por trás dos anticorpos têm outras linhas de
defesas”, explica a infectologista Denise Garrett.
E são justamente as pesquisas com anticorpos que estão
levantando um debate no mundo todo sobre a aplicação de doses de reforço.
Israel, Alemanha, França, Chile e Uruguai, países que estão usando diferentes
imunizantes, já revelaram planos para oferecer uma dose extra para grupos de
risco.
As pesquisas sobre o tema também chegaram ao Brasil. Uma
terceira dose da Pfizer está sendo testada com 1.160 voluntários. Metade tomou
a vacina, metade tomou placebo. Na sexta-feira (6), houve a última aplicação em
um centro de São Paulo.
“Esse estudo vai mostrar se a eficácia da vacina tomada na
dose de reforço é maior significantemente do que aquelas pessoas que só tomaram
duas doses”, diz Cristiano Zerbini, coordenador de estudos da Pfizer no Brasil.
“A dose de reforço deve ser discutida só dentro do plano
científico. Para isso, nós estamos fazendo um estudo. Pode ser que a gente
prove que não há necessidade”.
Uma terceira dose da Oxford/Astrazeneca também começou a ser
aplicada em pesquisa no país nas últimas semanas. E o Ministério da Saúde
anunciou um estudo sobre doses de reforço para quem tomou Coronavac, com 1.200
voluntários.
O Instituto Butantan, fabricante da Coronavac, antecipou que
pretende iniciar uma pesquisa sobre o tema.
“Deve iniciar ainda nesse mês, exatamente para definir qual
será a contribuição de uma dose adicional independentemente de quais tenham
sido as duas primeiras doses. Uma revacinação pode ser feita com uma vacina
completamente diferente”, diz o presidente do Butantan, Dimas Covas.
A Organização Mundial da Saúde pediu a países ricos que
adiem planos de aplicar a terceira dose em massa enquanto dezenas de nações mal
começaram a vacinar os principais grupos de risco. Segundo a OMS, o número
de mortes por Covid na África subiu 80% no último mês.
“Numa pandemia, isso é claro: ou todos os países agem de
forma conectada ou aqueles mais suscetíveis vão sofrer por mais tempo e,
consequentemente, nenhum país, mesmo tendo controlado a pandemia, vai estar
tranquilo”, afirma o imunologista Gustavo Cabral.
Por enquanto, é o avanço da primeira rodada da vacinação em
todo o Brasil — e em todos os países — que vai controlar a transmissão e
impedir o surgimento de variantes mais perigosas.