Covid-19: Com macas nos corredores, hospitais chineses enfrentam superlotação

r7 -03/01/2023 21:59

Nos hospitais de Xangai, pacientes idosos com Covid-19 — com tosse e dificuldade para respirar — sobrecarregam os serviços de emergência. Três anos após o surgimento dos primeiros casos da doença, a China enfrenta uma onda pandêmica sem precedentes desde que suspendeu as medidas da política de Covid zero, no mês passado.

Essas restrições, que permitiram que a maioria dos chineses não adoecesse por Covid desde 2020, provocaram crescente frustração e causaram um duro golpe na economia.


Em Xangai, uma das cidades mais ricas da China, a situação é especialmente crítica. Desde dezembro de 2022, aproximadamente 70% da população, ou seja, cerca de 18 milhões de pessoas, contraiu o vírus, segundo a mídia oficial.

Em dois hospitais da megalópole, a AFP observou, nesta terça-feira (3), centenas de pacientes, a maioria idosos, em macas em serviços de emergência.


Muitos recebem soro intravenoso, auxílio respiratório e permanecem sob supervisão cardíaca. A maioria enrolada em cobertores, casacos grossos e gorros de lã. Outros recebem tratamento do lado de fora, na calçada, por falta de espaço.

Em uma sala de espera no hospital Tongren, no oeste de Xangai, uma enfermeira coloca cuidadosamente um canudo nos lábios secos de um paciente. Ele está conectado a um cilindro de oxigênio. Enquanto isso, um médico de jaleco branco e viseira cuida de uma idosa que treme sob um cobertor grosso.

Diante do afluxo de doentes, os médicos infectados com Covid continuam a trabalhar incansavelmente, segundo testemunhos recolhidos pela AFP em hospitais de todo o país. Xangai não é exceção e, de tempos em tempos, funcionários deixam escapar uma tosse seca. As autoridades reconhecem que, neste momento, a magnitude da epidemia é "impossível" de determinar, uma vez que os testes de detecção já não são obrigatórios e os dados são fragmentados.


Em pouco tempo, o sistema de saúde ficou sobrecarregado. As farmácias carecem de remédios para baixar a febre, e os crematórios não acompanham o afluxo de corpos. A CNS (Comissão Nacional de Saúde), que tem caráter ministerial, deixou de publicar números diários de casos e óbitos.

Atualmente, é o Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças o responsável por informar o número de casos e mortes, mas, a partir da próxima semana, só o fará uma vez por mês. As autoridades também revisaram os critérios para atribuir mortes à Covid. Desde o início de dezembro, apenas 15 óbitos relacionados ao vírus foram registrados no país de 1,4 bilhão de habitantes. Números que mostram um total descompasso com a realidade observada no local