r7 -14/06/2021 08:34
É possível se infectar com o novo
coronavírus após receber a primeira dose da vacina contra a covid-19.
A situação é ainda mais preocupante ao se observar dados do Ministério da Saúde
que mostram que 4,4 milhões de brasileiros não tomaram a segunda dose dos
imunizantes contra a doença dentro do prazo recomendado pelo PNI (Plano
Nacional de Imunizações).
Mas o que fazer se você for infectado pelo SARS-CoV-2 entre
as duas doses? A pediatra e diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de
Imunizações) Mônica Levi explica que a imunização deve ser completada.
"Quem ficou infectado no intervalo da primeira para
segunda dose não só pode, como deve completar o esquema de imunização,
considerando as mesmas orientações de quem foi infectado independentemente da
vacina. A recomendação é receber a segunda dose 30 dias após o início dos
sintomas", alerta Levi.
A infectologista Keila Freitas, do Hospital Sírio-Libanês e
diretora da clínica Regeneratti, acrescenta: "Mesmo quem já teve a covid
precisa da segunda doses. Não está provado que quem ficou doente e recebe a
primeira dose está imunizado. Até porque a transmissão do vírus está se
mostrando muito mais rápida que os próprios estudos da eficácia das vacinas. E
temos as cepas diferentes também", diz a médica.
O maior distanciamento entre as duas aplicações não muda a eficácia
da proteção, uma vez que o organismo não perde a resposta imunológica obtida
após primeira vacina.
"Ao longo do tempo, aumentaremos nossa experiência
especifica com as vacinas covid. Mas temos imunizações na história da
humanidade há décadas e sabemos que o sistema imunológico registra a dose e não
devemos recomeçar o esquema vacinal. Essa é uma das premissas das vacinas: o
sistema imunológico sempre lê e computa os imunizantes", afirma Mônica
Levi.
Porém, vale destacar que o fato de não perder a eficácia não
significa que o indivíduo não deve respeitar o distanciamento preconizado pelas
farmacêuticas. A infectologista lembra que nos estudos clínicos as empresas
testam como o fármaco funciona melhor.
"Quando a vacina é produzida e testada, não estudamos
somente a quantidade de medicação que é necessária por dose. Vemos o número de
doses e o tempo máximo de intervalo entre elas para termos a melhor resposta
imune possível", conta Keila.
Na última semana, um estudo feito em Israel mostrou que a
vacina da Pfizer chega a uma resposta imune superior a 50% após 13 dias da primeira dose. No caso
da AstraZeneca a eficácia chega a ser superior a 70%. A
CoronaVac não apresentou esses dados, já que o período entre as aplicações é
curto, de 21 dias.
Mônica ressalta: "Nada é tão matemático e com tanta
exatidão. Mesmo que haja evidências de um benefício parcial após a primeira
dose, a proteção máxima e desejável é só após a segunda dose. Ninguém pode se
sentir vacinado, tranquilo e protegido com uma dose só."
Quanto mais gente estiver vacinada numa população, menor é a
taxa de transmissão e a imunidade coletiva tem mais chances de ser atingida.
Então, tendo sido infectado ou não, é só com duas doses, no caso das vacinas
aplicadas no Brasil, que a pessoa está protegida e protege os outros.