noticias ao minuto -10/05/2020 12:37
Em declarações à agência Lusa, a investigadora Inês
Fronteira, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), explicou que
"a evidência (prova) ainda não é muita quanto à infeção pelo vírus nos
primeiros meses da gravidez, quando há uma maior cautela das grávidas pois há
maior risco de complicações para o feto" e, por isso, é preciso manter
todos os cuidados durante toda a gravidez.
"As mulheres grávidas devem ser muito cautelosas e
vigilantes em relação à exposição ao vírus, mesmo que esta ocorra no final da
gravidez. (...) Ainda não temos tempo para verificar o que acontece quando são
expostas no primeiro trimestre, pois as grávidas observadas até aqui foram
sempre de último trimestre", explicou.
A epidemiologista, que para este trabalho se juntou a um
conjunto de investigadores brasileiros, país que enfrentou surtos de zika que
deixaram graves problemas a recém-nascidos, disse que tudo o que está publicado
na literatura sobre a matéria "ainda não permite perceber exatamente como
ocorre, quando ocorre, a transmissão de mãe para filho".
"Muito provavelmente ocorre por contato com a mãe, após
o nascimento, e não pela transmissão vertical. (...) Há a tendência de
aproximar a cara do bebê da cara da mãe e, portanto, muito provavelmente
foi por essa forma, ou até pela amamentação, não sabemos ainda", afirmou.
A investigadora do IHMT sublinhou que os dados disponíveis
têm também de ser analisados tendo em conta que a informação disponível "é
majoritariamente de grávidas na China, que tem uma cultura diferente".
De qualquer forma, acrescentou, foi possível perceber que a
forma mais frequente de apresentação da infecção pelo SARS-CoV-2 (o coronavírus
que provoca a covid-19) nas grávidas "é através de sintomas respiratórios
ligeiros e pneumonia com apresentação ligeira, havendo também tosse e
fadiga".
O estudo permitiu ainda concluir que a maioria das grávidas
infetadas com covid-19 teve parto por cesariana e que a maioria dos
recém-nascidos não apresenta problemas de saúde e dá resultado negativo para o
SARS-CoV-2 até 36 horas após o parto.