folhapress -16/09/2024 23:12
A tempestade Boris deixou mortos e provocou graves
inundações e danos materiais ainda difíceis de quantificar em pelo menos sete
países da Europa central e oriental, de acordo com balanços oficiais divulgados
nesta segunda-feira (16).
Pelo menos 17 pessoas morreram em países como Áustria,
Polônia e Romênia nos últimos dias, segundo a Reuters. Fortes ventos e chuvas
excepcionalmente intensas também têm atingido desde o final da semana passada
locais como República Tcheca, Hungria e Eslováquia.
As áreas de fronteira entre a República Tcheca, onde sete
estão desaparecidos, e a Polônia foram duramente atingidas no fim de semana com
fortes chuvas que derrubaram pontes, forçaram retiradas de moradores e
danificaram carros e casas.
Na Romênia, as inundações mataram seis pessoas no fim de
semana. Um bombeiro austríaco morreu no domingo (15) durante o resgate de
atingidos pelas águas. No estado da Baixa Áustria, que cerca Viena, dois
homens, de 70 e 80 anos, foram encontrados afogados em suas casas, disse um
porta-voz da polícia nesta segunda.
Quatro pessoas morreram como resultado das enchentes na
Polônia, segundo a polícia. Uma pessoa morreu na República Tcheca, de acordo
com funcionário da polícia.
O reservatório de Topola transbordou no sul polonês e o
curso da água jorrou em direção à vila de Kozielno. Autoridades locais disseram
que os moradores de vários municípios e vilas próximas seriam deslocados.
Na cidade tcheca de Ostrava, uma barreira no rio Odra foi
rompida, o que provocou inundações inesperadas em uma área industrial,
incluindo uma fábrica do setor químico, e áreas residenciais, de onde centenas
de pessoas foram retiradas nesta segunda.
Mais de dois terços da cidade tcheca de Litovel ficou
submersa por até um metro de profundidade. Os moradores viveram momentos de
pânico à medida que as águas subiam rapidamente durante o fim de semana.
"Eu estava com muito, muito medo", disse Renata
Gaborova, 39. "Eu fugi porque a água estava subindo muito rapidamente
perto da casa."
Especialistas afirmam que a mudança climática, causada pelas
emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade humana, está
aumentando a frequência e intensidade de fenômenos meteorológicos extremos,
como chuvas torrenciais e inundações.
O governo da Polônia anunciou estado de desastre natural em
áreas afetadas e disse que reservou 1 bilhão de zlotys (equivalente a R$ 1,43
bilhão) para ajudar as vítimas.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que estava
em contato com líderes de outros países atingidos e que pediria ajuda
financeira à União Europeia.
Michal Piszko, prefeito da cidade polonesa de Klodzko, na
fronteira com a República Tcheca, disse que as águas recuaram, mas que auxílio
ainda era necessário. "Metade da cidade está sem eletricidade."
Imagens de televisão mostraram ruas em Klodzko cobertas de
detritos e lama. Na também polonesa Nysa, um hospital foi esvaziado, com
pacientes, incluindo mulheres grávidas e idosos, retirados em balsas.
Em Jesenik, uma cidade tcheca do outro lado da fronteira que
foi inundada no domingo, uma limpeza começou a ser feita após o recuo das
águas, deixando à mostra carros danificados e detritos.
"Dois metros de água corriam pela rua, muitos carros
foram destruídos", disse o morador Zdenek Kuzilek. "Os telefones não
estão funcionando, não há água, não há eletricidade."
Na Romênia, onde vilas e cidades foram submersas no fim de
semana, Emil Dragomir, prefeito de Slobozia Conachi, disse a um canal de TV
local que as inundações tiveram um impacto devastador. "Se você estivesse
aqui, choraria instantaneamente porque as pessoas estão desesperadas. Algumas
pessoas ficaram apenas com as roupas que tinham no corpo", disse.
Enquanto a água recuava em algumas áreas, outras reforçavam
as defesas ante a perspectiva de novas inundações.
Em Wroclaw, na região polonesa da Silésia, o prefeito Jacek
Sutrik disse que a cidade de cerca de 600 mil habitantes estava se preparando
para o pico dos níveis de água previstos para a próxima quarta-feira (18).
A capital da Eslováquia, Bratislava, e da Hungria,
Budapeste, também se adiantavam no planejamento para possíveis inundações à
medida que o rio Danúbio sobe.
De acordo com o ministro do Interior húngaro, Sandor Pinter,
os esforços estão focados em manter o rio e seus afluentes dentro de seus leitos,
e até 12 mil soldados estavam de prontidão para ajudar nos esforços.
Na Áustria, os níveis de rios e reservatórios caíram durante
a noite à medida que a chuva diminuiu, mas autoridades dizem que estão se
preparando para uma segunda onda, já que mais chuvas são esperadas.