r7 -15/05/2021 22:08
O WhatsApp anunciou em janeiro deste ano que mudaria as regras
de privacidade e compartilhamento da empresa, mas a notícia desagradou
legisladores no mundo todo. No Brasil, reguladores
pediram que as novas regras fossem adiadas. Agora, usuários
que não aderirem às novas regras ainda poderão usar a rede durante um período de
90 dias antes de decidirem se vão aceitar as mudanças ou não.
Mas o que são essas
mudanças?
"O WhatsApp hoje tem um mecanismo de criptografia de mensagens de ponta-a-ponta,
onde a mensagem não fica armazenada em um servidor", explica o
especialista em Tecnologia e Inovação Arthur Igreja. Com esse sistema, o
Facebook, empresa dona do WhatsApp, não tem acesso às mensagens, que ficam
armazenadas apenas no celular das pessoas que estão conversando.
Agora, em um processo de integração das redes sociais das
quais o Facebook é dona, o WhatsApp passará a compartilhar as mensagens
trocadas entre pessoas e empresas por meio das chamadas contas comerciais,
quebrando a privacidade desses usuários.
Mas por quê?
Para entender melhor como fazer propagandas, fonte de renda do Facebook.
Segundo Igreja, com essa mudança, o Facebook terá acesso aos dados dos usuários
para entender melhor nossos hábitos de consumo e como nós nos relacionamos com
as empresas.
O que significa
permitir que o Facebook acesse esses dados?
"É o equivalente a instalar uma câmera na nossa casa e deixar alguém nos
assistir", explica Igreja. Permitindo que a empresa tenha acesso às suas
informações, eles conseguem traçar melhor qual o seu perfil de consumo e o que
te interessa.
Com isso, as propagandas que aparecem para o usuário sempre
serão pensadas no que o agrada e no que ele poderia ter interesse. Empresas
compram esses dados para garantir que seus produtos cheguem diretamente à
consumidores em potencial.
Quais dados são
coletados?
Segundo o especialista, milhares de informações são coletadas e a empresa sabe
"quanto tempo você passa olhando uma propaganda, quais as buscas que você
faz, os perfis que segue, quais foram os produtos adicionados no carrinho e que
não foram comprados".
O que acontece com
esses dados?
O Facebook compila essas informações e empresas interessadas compram as
informações específicas para divulgar os produtos para seu público-alvo.
"A plataforma procura nas postagens e comportamentos do usuário
informações para identificar os melhores consumidores", explica Arthur
Igreja.
O usuário pode
recusar as mudanças?
Pode, mas o WhatsApp vai limitar os serviços e utilidades para aqueles que não
aceitarem as novas políticas. "O WhatsApp não pode excluir a conta, mas
podem dificultar a vidas das pessoas tirando possibilidades de interação",
avisa o especialista.
Migrando para outros
aplicativos
Apesar da mudança, é improvável que usuários deixem de usar o WhatsApp por inteiro
e migrem para outros aplicativos de mensagem. É normal uma pessoa ter mais de
um aplicativo baixado no celular como opção, mas o WhatsApp segue liderando
como predileto dos brasileiros, e está presente em quase todos os smartphones
do país.
"É muito pouco provável que as pessoas mudem. Existe um
aumento de download de outras redes, mas ninguém deixa de usar o
WhatsApp", reflete o especialista. Outra rede social muito usada pelos
usuários é o Telegram, além das mensagens diretas no Instagram e Facebook e as
redes sociais associadas à extrema-direita Signal e Parler.
Como o WhatsApp
dominou o mercado?
Além do Brasil, o aplicativo é popular na Índia, e, segundo Igreja, isso se
deve pela conexão de rede dos países. "O WhatsApp é extremamente enxuto e
simples e pegou os usuários por causa da lentidão da internet nesses
países", diz Igreja