metropoles -10/11/2023 07:42
Um dos investigados pela Polícia Federal (PF) no âmbito da
Operação Trapiche revelou aos policiais que foi até Beirute, no Líbano, para se
encontrar com um integrante do grupo
radical libanês Hezbollah. Segundo o depoimento, os terroristas buscavam
brasileiros dispostos a matar e sequestrar.
Os alvos seriam prédios da comunidade judaica do Brasil. O
homem, que não teve a identidade revelada, foi alvo de busca e apreensão. Os
policiais ainda avaliam se irão pedir a prisão do suspeito.
Outros dois brasileiros foram presos na quarta-feira (8/11),
quando a operação foi deflagrada. Ambos foram detidos em São Paulo, um deles,
inclusive, foi localizado no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O homem
voltava de uma viagem ao Líbano.
Ele informou que a viagem se deu por conta de uma negociação
de minérios e insumos agrícolas. A versão, contudo, não convenceu os investigadores.
Durante a operação, os investigadores também cumpriram 11
mandados de busca e apreensão, expedidos pela Subseção Judiciária de Belo
Horizonte, em Minas Gerais e no Distrito Federal.
Um dos principais investigados, e que também teve um mandado
de prisão expedido, é um sírio naturalizado brasileiro. Contudo, como ele está
em Beirute, a ordem da Justiça brasileira não pode ser cumprida. O suspeito
será detido apenas de deixar o território libanês.
No Brasil, o suspeito tem casa em Belo Horizonte e comércios
espalhados em Minas Gerais e no Distrito Federal. Os investigadores fizeram
buscas em todos os locais. Há evidências de que o brasileiro participou de
treinamentos com guerrilheiros do Hezbollah contra o Estado Islâmico.
Os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes
de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos
preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos
e 6 meses de reclusão.
Hezbollah
O Hezbollah, cujo nome significa “Partido de Deus”, é uma
organização que surgiu durante a guerra civil no Líbano na década de 1980.
Influenciado pelo Irã e apoiado pela Síria, o grupo concentra-se na resistência
contra Israel e na promoção da influência xiita no Oriente Médio.
A prática de doutrinar simpatizantes e apoiadores em outros
países é recorrente entre as lideranças de organização fundamentalista, que se
aliou ao palestino Hamas no conflito com Israel.
O grupo surgiu em resposta à ocupação israelense no sul do
Líbano. Inspirado e apoiado pelo Irã, o Hezbollah rapidamente se tornou uma
força de resistência contra Israel. Sua ala militar é considerada uma das mais
poderosas da região, tendo lançado ataques bem-sucedidos contra alvos
israelenses.
Além de suas atividades militares, o Hezbollah é uma força
política influente no Líbano, com representação no Parlamento e participação no
governo. Seu apoio a causas xiitas e sua lealdade ao Irã o colocaram em
desacordo com nações ocidentais e árabes sunitas.
Seu papel na resistência contra Israel e sua presença
política contínua no Líbano o tornam uma força determinante na região e há
grande temor pela entrada de seus combatentes no conflito atual.