r7 -17/02/2023 10:09
Uma pessoa está tão protegida contra a Covid-19 após um
contágio com o coronavírus como quando foi vacinada contra a doença, afirma um
estudo publicado nesta sexta-feira (17), um dos mais extensos sobre o tema.
Nos meses posteriores à infecção, a imunidade permanece
igual ou superior a 88%.
"Embora uma infecção proporcione uma proteção que
diminui com o tempo, o nível desta (...) parece tão duradouro, ou até maior,
que o conferido pela vacinação", afirma o trabalho publicado na revista
The Lancet.
A comparação é baseada nas vacinas de RNA mensageiro da
Pfizer/BioNTech e da Moderna, que estão entre as mais eficazes contra a
Covid-19 e que são as principais das campanhas de vacinação de muitos países
ocidentais.
O tema não é novo e muitos estudos já tentaram comparar os
riscos de reinfecção, dependendo se a pessoa está vacinada ou já foi infectada.
Mas o trabalho publicado pela revista The Lancet tem uma
dimensão sem precedentes. Compila quase 60 estudos pré-existentes, que remontam
a vários anos e levam em consideração o surgimento, no final de 2021, da
variante Ômicron.
Esta última é muito mais contagiosa que as antecessoras e
capaz de infectar muitas pessoas vacinadas, sem que estas corram um risco
elevado de sofrer uma forma grave da doença.
O estudo conclui que o mesmo acontece em caso de infecção
anterior por coronavírus. A proteção é bem mais fraca contra a reinfecção com a
variante Ômicron, mas considerada sólida contra uma forma grave de Covid.
A proteção da imunidade natural contra a reinfecção é de
cerca de 85% em dez meses no caso das variantes alfa e delta, enquanto no caso
da Ômicron BA.1 essa salvaguarda cai para 36% após esse período de tempo.
No entanto, a proteção é de 90% em dez meses nas variantes
alfa e delta contra hospitalização e morte, e de 88% no caso da ômicron BA.1,
segundo o estudo.
Os resultados não significam que é indiferente ser vacinado
ou infectado para adquirir uma primeira imunidade. É muito mais arriscado
sofrer a doença, em particular no caso de pessoas idosas.
"A vacinação é a maneira mais segura de adquirir
imunidade", enfatizou à revista o principal autor da análise, Stephen Lim,
pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Washington.
O estudo, no entanto, oferece uma visão mais precisa do que
é possível esperar do desenvolvimento de uma imunidade "híbrida" na
população, pois cada vez mais pessoas estão vacinadas e contraíram o vírus pelo
menos uma vez.
Os resultados sugerem que as futuras ondas de Covid
resultarão em níveis reduzidos de hospitalização, conclui o estudo.