veja -11/01/2020 20:02
O Estado-Maior das Forças Armadas do Irã admitiu neste
sábado, 11, que, por um “erro humano”, um míssil lançado pelo seu próprio
Exército derrubou o
avião Boeing 737 da Ukrainian Airlines com 176 pessoas a bordo.
Em comunicado, o governo iraniano informou que a aeronave foi identificada como
um “avião hostil” e que a atingiu no momento em que a ameaça inimiga estava “no
mais alto nível”. Teerã ainda pediu desculpas por conta do incidente.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou que seu país
“lamenta profundamente” o incidente, que chamou de “grande tragédia” e “erro
imperdoável”, segundo nota emitida pela agência estatal de notícias Irna. “A
investigação interna das Forças Armadas concluiu que, lamentavelmente, mísseis
lançados por um erro humano causaram o horrível impacto no avião e a morte de
176 inocentes”, diz a nota emitida pelo governo.
A maioria das vítimas tinha nacionalidades iraniana e
canadense, mas também havia britânicos, suecos e ucranianos a bordo. O ministro
das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, apresentou as desculpas do Irã
pela catástrofe.
“É um dia triste”, escreveu Zarif no Twitter, citando que a
queda foi fruto de um “erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo
dos americanos”. O incidente ocorreu na madrugada de quarta-feira, 08, logo
após o Irã disparar
mísseis contra bases militares utilizadas pelos militares dos
Estados Unidos estacionados no Iraque. O ataque foi uma resposta à morte do
general iraniano Qasem Soleimani, a partir de um míssil disparado por um drone
em Bagdá.
“Nosso profundo arrependimento, desculpas e condolências ao
nosso povo, às famílias de todas as vítimas e às outras nações afetadas”, disse
Zarif.
O Estado-Maior garantiu à população que o “responsável” pela
tragédia será levado imediatamente à Corte Marcial e que o fato não se
repetirá. “Garantimos que com as reformas fundamentais nos processos
operacionais das Forças Armadas tornaremos impossível a repetição de erro
semelhante”, diz o comunicado.
O voo PS752 da companhia Ukraine Airlines International
(UAI) caiu dois minutos depois de decolar do Aeroporto de Teerã rumo a Kiev. Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda já haviam antecipado que a queda era
resultado de um míssil iraniano, e vídeos neste
sentido foram publicados nas redes sociais.
Tragédia anunciada
Os incidentes envolvendo mísseis e aviões comerciais sobre
áreas de conflito não são raros. Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia
Airlines que seguia de Amsterdã para Kuala Lumpur foi derrubado sobre o leste
da Ucrânia, controlado por rebeldes, matando as 298 pessoas a bordo do Boeing
777, incluindo 193 holandeses. As autoridades de Kiev e os rebeldes
separatistas pró-Rússia se acusaram mutuamente de disparar o míssil.
Em julho de 1988, um Airbus A-300 da Iran Air, que voava de
Bandar Abbas, no Irã, para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi derrubado nas
águas territoriais do Irã no Golfo Pérsico por mísseis disparados de uma
fragata americana que patrulhava o Estreito de Ormuz. As 290 pessoas a bordo
morreram e os Estados Unidos pagaram ao Irã 101,8 milhões de dólares em
indenização.