Mário Celso Lopes conta tudo! - Parte 1

Fala! -13/07/2020 14:32

É preciso ter fôlego para acompanhar um só dia do empresário Mário Celso Lopes. Um filho de Andradina, um líder empresarial e portador de um grande espírito empreendedor. Desde 2018 ele tem se dedicado a um plano transformador para Andradina, cidade pela qual tem demonstrando o seu amor e pela qual tem contribuído de forma efetiva para o desenvolvimento e progresso. Com o Parque Temático Acqualinda, Mário Celso acredita que a cidade evoluirá a um novo nível de geração de empregos e divisas, mas para saber um pouco mais desta visão a equipe de reportagem da Revista Fala! teve que passar por uma prova de fogo: acompanhá-lo em um dia de rotina normal.

Rotina

Às 6h47 entramos em sua casa sendo recebidos por ele e a sua esposa, e sempre parceira, Juçara Lopes para um pequeno desjejum. O casamento, em 1980, completa 40 anos em 2020. Com Juçara Eliane Storti Correa Lopes teve dois filhos, Mário Celso Lincoln Lopes e Lívia Correa Lopes.

Para que o dia dos dois comece, Mário precisa colher diariamente couve, hortelã e outros itens em sua horta orgânica. Com orgulho ele mostra um pomar totalmente orgânico, com banana, carambolas, goiabas e lindos pés de oliveira que cultiva há dez anos, sem que ainda tenham dado um fruto. “Elas vivem até 500, 1000 anos, nós temos pressa, e elas tem o tempo delas”, diz. No pomar também existem árvores já desenvolvidas de moringa, um superalimento. Outra presença verde constante são os eucaliptos de várias espécies e palmeiras de todas as partes do mundo. Um grande livro sobre palmeiras à mesinha da sala revela a paixão pela espécie.

(foto: Cleber Carvalho)

Depois, uma caminhada de 6km pela pista de pouso instalada na chácara. A companhia são cinco blue heeler  e uma vira-latas caramelo, chamada Dulce. Todos os cães descendem de Lobo, que ganhou do empresário Garon Maia. A exceção é a vira-latas, que apareceu pela propriedade e é uma das alegrias da casa. “Mandei fazer um exame pra definir a raça dela, meu funcionário com o exame na mão me disse: Tem raça americana. É mixed, tá escrito aqui”, conta.

O final da caminhada com os cães acaba em um banho coletivo e recompensas dadas em conjunto. De segunda a sexta o casal tem uma rotina de exercícios após as caminhadas. O percurso até a academia é feito de moto, outra paixão tão grande quanto à aviação.

(Foto: Cleber Carvalho)

Após os exercícios, fomos convidados para um café da manhã onde começaram as entrevistas entre copos de café e pão com mortadela e a visita diária ao pátio de obras do Acqualinda, onde ele é o maestro. Desde que começou, o projeto tem sofrido alterações constantes sempre seguindo suas observações. A última delas foi uma redução no percurso de saída do parque, para poupar os visitantes de repetir a extensa travessia de entrada. Agora rapidamente, após o fechamento das atividades, os visitantes poderão acessar um caminho bem mais curto direto ao estacionamento.

A manhã só termina com outra visita a obras, desta vez a loja do Acqualinda anexo ao shopping e ao escritório da MCL Empreendimentos. Religiosamente as sextas toda a família Lopes almoça junta. Aos domingos o café da manhã é com a mãe, Dona Maria Luiza.

Nascido em Andradina em 5 de outubro de 1955, ele é um dos  filhos de Maria Luiza e do imigrante espanhol Mário Lopes. Mário Celso é o quinto filho da prole de dez: José Roberto Lopes, Mary Aparecida, Mário Sérgio, Sandra Maria, Sônia Maria, Márcia, Marcus Vinícius, Moisés Wilson e Marcelo.

Com o pai, ele aprendeu a ter uma visão positiva do trabalho e também a ter coração de pedreiro. (confira a entrevista abaixo)

“Todas às vezes em que acreditei em algo, maior que a visão das pessoas, me chamaram de louco. Só quis cumprir minha missão de pedreiro e consegui deixar sempre as coisas melhores do que estavam. Será que eu realmente era louco?”, Mário Celso Lopes

(foto: Cleber Carvalho)

Hugo Leonardo: O que você pode dizer de Mário Celso Lopes?

Mário Celso Lopes: O Mário é o filho do Mário Lopes, neto do Antônio Lopes lá da Província de Granada na Espanha, que nasceu do lado do Bosque Municipal de Andradina e que está aqui há 65 anos, na terrinha querida, esse é o Mário Celso.

Hugo Leonardo: Sempre faz questão de falar que é filho de pedreiro. Que lição o “pedreiro” lhe trouxe pra vida?

Mário Celso Lopes: O pedreiro é uma figura no desenvolvimento humano.  A história de tudo no desenvolvimento da raça humana foi desenhada com construções. Desde o período paleolítico, dos homens das cavernas, pra cá o homem tem construído, ele tem feito uma choupana, uma casa, um prédio, uma ponte, uma estrada, isso é serviço de um pedreiro, então eu tenho muito orgulho em dizer que a família do meu pai era uma família de pedreiros e por onde iam, construíam a história dos lugares. No início da década de 40, do século passado, eles foram convidados por Moura Andrade, o fundador da cidade pra vir ajudar a construir Andradina. Eles deixaram marcos importantes do começo da cidade, como a própria Igreja Matriz São Sebastião, o Frigorífico Mouran, a caixa d’água central que é usada até hoje, a grande indústria de cadeiras do Peliciari, com aquela chaminé maravilhosa que apesar de ter sido parcialmente demolida parte ainda está em pé e é um patrimônio histórico de Andradina. Além disso ainda houveram grandes prédios comerciais e muitas casas erguidas por eles. Eu admiro essa cultura de fazer, de construir, pegar um terreno vazio e criar alguma coisa. Isso é uma coisa que meu pai me transmitiu e que está no meu sangue.

“Ele sempre gostou de ousar. Enquanto as mudas de eucalipto cresciam, o empresário buscou uma nova oportunidade, um frigorífico que também transformou num negócio fabuloso"

(Foto: Cleber Carvalho)

Hugo Leonardo: Você participou de algum trabalho com seu pai?

Mário Celso Lopes: Desde menino acompanhava meu pai depois da escola, quando diariamente, de bicicleta, levava a marmita pra ele na obra. Enquanto ele almoçava, eu ia assentar pregos nos tacos que serviam de piso para as casas boas da época. Participar disso ficou no meu sangue e a partir do momento em que pude fazer alguma coisa, comecei a fazer. Lembro-me de ainda menino, solteiro, reformando a casa da minha mãe. Eu construí a minha primeira casa, aliás só me casei quando a casa estava pronta, mobiliada e com a primeira compra feita. De lá para cá eu já fiz inúmeras casas e muitas construções grandes. Por onde eu passo, deixo algo construído então está no sangue, é o sangue de pedreiro.

Hugo Leonardo: Foi um bom tempo então?

Mário Celso Lopes: Outra lembrança viva que tenho da infância ali no Bosque era a convivência com os macacos que andavam soltos por lá. Era uma convivência com a natureza, coisa que prezo até hoje. Meu avô, pai da minha mãe, “Seo” Gilberto, que era um italiano trabalhador, era um carpinteiro e trabalhava em conjunto com o meu pai, Mário Lopes. Meu pai fazia as casas e meu avô a carpintaria delas nos telhados. Meu avô foi fazer umas “reservinhas” e aí abriu um empório. Foi lá que vi pela primeira vez televisão, no “Empório Estrela”. Via lá, naquele chuviscado, a programação da TV Tupi onde passava o programa com o Sílvio Santos. No passar dos anos, meu pai também conseguiu montar um empório lá na Vila Passarelli, que era duas quadras acima, na antiga Rua Sergipe, que hoje é Rua Alexandre Salomão. O empório do meu pai chamava-se Empório 11 de Julho, em homenagem ao aniversário da cidade. Aos 10 anos de idade, em 1965 eu cuidava do empório que tinha a minha mãe na frente.

Eu era um menino, mas minha mãe me pôs a trabalhar. Tínhamos um bom movimento por conta dos funcionários da SANBRA (Sociedade Algodoeira do Noroeste Brasileiro) que negociava o algodão produzido em Andradina e cidades vizinhas. Eles trabalhavam muito e passavam o dia inteiro, nas idas e vindas, no nosso empório. Eu vendia e anotava tudo nas cadernetas, nunca perdia a conta por isso ganhei o apelido de “Turquinho”. Lá eu trabalhei de 1965 a 1970. Ia para a escola cedo, no “Álvaro Guião” e almoçava rapidinho para ajudar a minha mãe. Eu era como gerente, fazia as compras, controlava a freguesia, que as vezes eram 20 homens adultos no balcão.

Todo mundo querendo tomar uma pinguinha ou fazer uma comprinha. Quando eu arrumei um emprego para ir para o cartório de imóveis do seu Sérgio Rodrigues Silva, deixei a posição de “gerentinho” do empório para cuidar da limpeza do cartório. Foi para lavar privada e cuidar da arrumação. Chamavam a posição de “catiça” e depois de dois anos fazendo isso, o Sérgio me deixou começar a trabalhar na máquina de escrever onde aprendi o ofício. Eu e o Sérgio fomos amigos e ele foi até meu padrinho de casamento.

(Foto: Cleber Carvalho)

Hugo Leonardo: Mandaria alguma mensagem para o Mário Celso de 20 anos atrás?

Mário Celso Lopes: Se eu pudesse mandar uma mensagem para o Mário de 20 anos atrás eu diria a ele assim: Mário vai em frente, acelera, continue acelerando e detalhe, não pare nunca e não olhe para trás! Pois está na Bíblia, sobre Sodoma e Gomorra, quem olhou pra trás virou estátua de sal e eu não vou ser estátua de sal nunca na minha vida, por isso eu nunca vou olhar para trás. Meu passado passou.

O novo momento que nós estamos vivendo não é reprise, não tem o mesmo modelo. O que nós vamos fazer daqui para frente é diferente do que aconteceu há 20 anos.