g1 -16/04/2022 00:21
A Rússia confirmou
que o navio
mais importante de sua frota no Mar Negro, o cruzador antimísseis Moskva,
afundou enquanto era rebocado para o porto após uma explosão na
quinta-feira (14).
Segundo a Ucrânia, o navio foi
atingido por um míssil, o que a Rússia nega. Fontes do
Pentágono citadas pela imprensa americana também afirmam que o Moskva foi
atingido em um ataque aéreo. Autoridades de Moscou confirmam que houve uma
explosão no navio, mas alegam que a causa foi um acidente com munições a bordo.
O que significa o afundamento do navio?
A Rússia tem
poderosos sistemas de defesa aérea implantados na Crimeia, mas o Moskva foi
capaz de fornecer proteção de defesa aérea móvel e de longo alcance para toda a
frota do Mar Negro e era um centro flutuante de comando e controle.
Sua perda deixa a frota mais exposta, principalmente em
missões de longo alcance a oeste da Crimeia. Para o Pentágono, o afundamento do
cruzador foi um "duro golpe" para a força naval russa no Mar Negro.
"Este é um duro golpe para a frota do Mar Negro, esta é
uma parte-chave de seus esforços para efetuar algum tipo de domínio naval no
Mar Negro. Isto terá efeito em suas capacidades ", disse à CNN nesta
quinta-feira (14) o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
Para os militares russos, esta é uma perda amarga, porque o
navio, embora envelhecido, era um símbolo da frota do Mar Negro e do orgulho
militar da Rússia.
O que aconteceu com a tripulação do navio russo?
Toda a tripulação do navio, de cerca de 500 pessoas, foi
retirada, de acordo com reportagem da agência Interfax. A Ucrânia sugeriu que
provavelmente há mortes, mas a Rússia ainda não disse
nada sobre o assunto.
Como era o navio?
Projetado na União Soviética dos anos 1970 durante a Guerra
Fria, o Moskva foi concebido para destruir porta-aviões dos EUA e estava em
serviço há quase quatro décadas.
Ele era a embarcação mais importante dos russos no Mar Negro
e carregava 16 mísseis anti-navio do sistema P-1000 Vulkan, com alcance de,
pelo menos, 700 quilômetros.
Ele também levava sistemas de defesa aérea de longo alcance
do Forten S-300, capazes de proteger um esquadrão inteiro de navios de ataques
aéreos inimigos. O peso era de 12.500 toneladas.
Ele passou por uma extensa reforma e, de acordo com o
Ministério da Defesa da Grã-Bretanha, só retornou a operar em 2021. Apesar
dessa reforma, alguns de seus hardwares permaneceram desatualizados.
A Rússia vai
conseguir substituir facilmente o Moskva?
Não. A Rússia tem
dois outros navios da mesma classe, o Marechal Ustinov e o Varyag, que servem
respectivamente nas frotas russas do Norte e do Pacífico. Mas a Turquia, que
controla o acesso ao Mar Negro pelo Bósforo, não os deixará entrar em tempos de
guerra.
A perda do navio muda algo no conflito da Ucrânia?
Provavelmente não, mas o Ministério da Defesa da
Grã-Bretanha diz que sua perda provavelmente levará a Rússia a rever sua
postura naval no Mar Negro.
Embora seja um grande golpe para a moral militar da Rússia, a marinha russa até
agora não desempenhou um grande papel no que Moscou chama de "operação
militar especial" na Ucrânia. A Rússia mantém o domínio
naval na região imediata e o Moskva foi equipado principalmente para destruir
navios inimigos no mar, mas pouco resta da marinha da Ucrânia.
Como o navio atuou na guerra da Ucrânia antes de
afundar?
O Moskva participou da guerra da Ucrânia a partir da
cidade de Sebastopol, que abriga a base da frota russa no Mar Negro, na
península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Em uma troca de mensagens de rádio que viralizou no início
do conflito, os guardas fronteiriços ucranianos da pequena ilha das Serpentes
responderam com palavrões ao ultimato feito pelos russos para que se rendessem.
Pouco depois, o Moskva e outra embarcação bombardearam a ilha e tomaram como
prisioneiros os militares ucranianos.
O Moskva já participou de outros conflitos?
Sim. O navio-símbolo
da Rússia já participou de outras duas guerras.
O primeiro conflito em que participou foi o da Geórgia em
agosto de 2008. A Rússia não
informou quais foram suas missões, mas um alto responsável militar georgiano
questionado pela AFP indicou que a embarcação entrou no porto de Ochamchire
para bombardear as forças georgianas, que acabaram perdendo na época a única
região que estava sob o seu controle no território dos separatistas.
Depois, em setembro de 2015, o Moskva foi enviado para
ajudar o regime de Bashar al Assad na guerra na Síria, no Mediterrâneo
oriental, para assegurar, segundo o Ministério da Defesa russo, a proteção da
base russa de Hmeymim.