r7 -27/11/2021 20:29
Os países-membros da OMS (Organização Mundial da Saúde)
realizarão uma reunião excepcional em Genebra a partir de segunda-feira (29) na
tentativa de buscar estratégias para combater melhor uma próxima pandemia.
Essa reunião excepcional da Assembleia Mundial da Saúde –
órgão supremo de decisão da ONU, que reúne seus 194 membros – vai durar três
dias para debater apenas o assunto, em um momento em que a Europa vive a quinta
onda da pandemia de Covid-19 e quando o surgimento de uma nova variante é
motivo de preocupação em todo o planeta.
A reunião também marca os dois anos do início da pandemia
que custou milhões de vidas e trilhões de dólares.
A gestão da Covid mostrou os limites aos quais a OMS tem
direito e recursos, mas a comunidade internacional está dividida.
O objetivo da reunião é debater a melhor forma de dotar a
OMS de um marco jurídico para enfrentar com mais eficiência uma futura crise,
seja em forma de tratado internacional, seja em alguma outra
fórmula.
O Regulamento Sanitário Internacional que guiou o trabalho
da OMS desde 2005 não está projetado para enfrentar uma crise da envergadura da
Covid-19, afirma Jaouad Mahjour, vice-diretor de preparo para emergências da
organização.
O diretor-geral da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus, é
claramente defensor de um tratado para evitar o círculo vicioso "não
fazemos nada e depois entramos em pânico".
"O caos causado por esta pandemia só destaca o porquê
de o mundo precisar de um acordo internacional infalível que estabeleça as
normas", disse na quarta-feira.
Mas os Estados Unidos não são a favor de um tratado e
preferem um processo mais rápido.
Por outro lado, quase 70 países apoiam um tratado, afirmando
que é "a única proposta substancial" que poderia garantir "uma
resposta mundial rápida, conjunta, eficaz e igualitária para a próxima
pandemia", segundo a carta aberta publicada pelos ministros da Saúde de 32
deles e na qual fazem um alerta: "Não podemos esperar a próxima crise para
agirmos".
"Independentemente do que fizermos, no futuro
precisaremos de um compromisso sustentado no mais alto nível político",
disse um diplomata da União Europeia, que pediu "um marco jurídico
vinculante para estruturá-lo por completo. (...) É uma questão muito
importante".
Steve Solomon, diretor jurídico da OMS, acredita que
"há boas razões para pensar" que é possível encontrar uma solução
coletiva.
"Isso não é algo que temos que discutir por 107 anos.
Por favor, ponham mãos à obra", pediu na segunda-feira a
ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark, ao revisar os progressos
realizados seis meses depois da publicação de um relatório muito crítico sobre
a gestão da pandemia, cuja elaboração ela copresidiu.
O relatório propôs um acordo-quadro para a OMS, que
permitiria definir rapidamente o essencial e depois ampliá-lo quando for
necessário.
Um grupo de trabalho foi criado para redigir uma resolução
que possa ser debatida durante a reunião que começa na segunda-feira.
Segundo Jaouad Mahjour, as recomendações a serem debatidas
se dividem em quatro categorias: igualdade, governança e liderança,
financiamento em nível nacional e internacional, e sistemas e ferramentas para
responder a uma crise sanitária mundial.
"O mundo não pode se permitir ter outra pandemia para a
qual não esteja preparado", alertou.