r7 -28/06/2021 18:48
Pesquisadores do Instituto Wyss da Universidade de Harvard e
do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ambas dos Estados Unidos,
desenvolveram uma máscara de tecido capaz de detectar se a pessoa está
infectada com a covid-19, em 90 minutos.
Os cientistas conseguiram incorporar reações biológicas no
pano, criando sensores capazes de detectar patógenos e toxinas do SARS-CoV-2
durante a respiração e alertar o usuário.
A pessoa usa a proteção normalmente e os biossensores
colocados no tecido fazem um processo chamado liofilizar, que é desidratar a
parte das células usada para ler DNA e produzir RNA e proteínas moleculares.
A máscara tem um botão que ao ser acionado hidrata novamente
a célula e, em 90 minutos, o paciente descobre se está ou não infectado. De
acordo com a pesquisa publicada na revista científica Nature, desta
segunda-feira (28), a precisão do resultado é comparável ao diagnóstico
conseguido pelo teste PCR.
"Reduzimos todo um laboratório de diagnóstico a um
pequeno sensor baseado em biologia sintética que funciona com qualquer máscara
facial e combina a alta precisão dos testes de PCR com a velocidade e o baixo
custo dos testes de antígeno", disse o coautor Peter Nguyen, um cientista
pesquisador da Universidade de Harvard ao site da instituição.
A criação dos biossensores é resultado de três anos de
pesquisa feita pelas universidades dos Estados Unidos. Além das máscaras, eles
podem ser usados na confecção de roupas e é capaz de detectar outros patógeno,
não só o do vírus que causa a covid-19.
A primeira vez que os pesquisadores usaram essa tecnologia
foi para lidar com o surto do Zika vírus, em 2015. Foram criados biossensores
que detectaram RNA derivadas de patógenos e as acoplou a uma proteína
indicadora colorida ou fluorescente e, em seguida, incorporaram o circuito
genético em papel para criar um diagnóstico barato, preciso e portátil.
Agora, os pesquisadores conseguiram acoplaram os sensores em
tecidos para criar suas máscaras faciais de detecção da covid-19. De acordo com
os cientistas, o diagnóstico feito por meio da máscara facial é de fácil
fabricação e do baixo custo.
Os pesquisadores demonstram que uma rede de cabos de fibra
óptica pode ser integrada nos biossensores para detectar a luz fluorescente
gerada pelas reações biológicas, indicando a detecção da molécula alvo com um
alto nível de precisão. Este sinal digital pode ser enviado a um aplicativo de
smartphone que permite ao usuário monitorar sua exposição a uma vasta gama de
substâncias.
“Esta tecnologia pode ser incorporada em aventais de
laboratório para cientistas que trabalham com materiais perigosos ou patógenos,
esfrega para médicos e enfermeiras ou uniformes de socorristas e militares que
podem ser expostos a patógenos perigosos ou toxinas, como gás nervoso”, disse
coautora Nina Donghia, cientista da equipe de Harvard, ao site da universidade.
Os cientistas e as universidades procuram parceiros
comerciais para tornar possível a fabricação em massa do diagnóstico de máscara
facial para uso durante a pandemia e para detectar outros riscos biológicos e
ambientais que já existem ou que aparecerão.
“A engenhosidade e dedicação desta equipe em criar uma
ferramenta útil para combater uma pandemia mortal enquanto trabalha em
condições sem precedentes é impressionante por si só. Mas ainda mais
impressionante é que esses biossensores vestíveis podem ser aplicados a uma
ampla variedade de ameaças à saúde além do SARS-CoV-2, e nós, do Wyss
Institute, estamos ansiosos para colaborar com os fabricantes comerciais para
concretizar esse potencial”, afirmou Don Ingber , o diretor do Wyss Institute.