r7 -23/06/2023 09:36
A Guarda-Costeira dos Estados Unidos confirmou na tarde
desta quinta-feira (22) que os destroços encontrados nas áreas de busca do
Titanic de fato são do submersível da OceanGate que estava desaparecido
desde o último domingo (18). A embarcação, que levava cinco pessoas para
explorar o Titanic, sofreu uma "implosão catastrófica", o que levou à
morte de todos ali em questão de segundos.
Essa não foi a primeira vez que um veículo subaquático, como
um submersível ou submarino (embarcação maior que um submersível), desapareceu
no oceano e teve um fim trágico para seus ocupantes. Em 2000, o Kursk (K-141),
um submarino nuclear, afundou no mar de Barents com uma tripulação de 118
homens e foi encontrado a 118 metros de profundidade. O acidente é visto como
uma das maiores tragédias subaquáticas da história.
Mais recentemente, em novembro de 2017, o submarino ARA San
Juan naufragou na costa da Argentina com 44 tripulantes. A embarcação só foi
encontrada após mais de um ano de buscas, a 900 metros de profundidade.
Segundo o professor de engenharia naval Sílvio Melo, da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), resgatar um veículo subaquático é
extremamente difícil e envolve diversos fatores. O primeiro mencionado por ele
é a profundidade.
Melo afirma que um submarino mais sofisticado não costuma
navegar abaixo de 500 metros de profundidade, justamente pelo alto risco que a
missão implica. No caso do Titan, a embarcação estava a 1.800 metros abaixo da
superfície. Quanto maior a profundidade, maior também é a pressão hidrostática,
ou seja, a pressão debaixo d’água.
"Normalmente, as embarcações subaquáticas que vão além
disso são menores, para minimizar o risco de acidentes. Quanto menor a
embarcação, menor o risco de haver alguma falha", diz.
Outro fator, que se complementa ao anterior, é a escuridão
das profundezas do mar. A luz não consegue penetrar no oceano profundo — que se
estende de 1.000 a 6.000 metros abaixo da superfície. Isso dificulta muito o
resgate, embora existam instrumentos que facilitam a exploração subaquática,
como câmeras especializadas para esse fim.
Um terceiro fator apontado pelo professor é a própria
complexidade do resgate, no caso de uma embarcação ficar presa a algo que a
impeça de flutuar até a superfície. Nessa situação, são necessários braços
robóticos controlados remotamente. Esse fato, associado aos demais aspectos,
torna o resgate uma tarefa de extrema dificuldade.
Robô francês tentou resgatar o submersível
Em uma expedição subaquática normal, os tripulantes têm a
opção de levar a embarcação até a superfície, não sendo necessário que outras
pessoas se mobilizem para tirar o veículo do fundo do mar. Autoridades
acreditavam que algo poderia estar impedindo o Titan de se movimentar e,
esperançosas, enviaram na quarta-feira (21) um robô francês em missão de busca
ao submarino. Posteriormente, constatou-se que o que de fato ocorreu foi uma
implosão do submersível.
De acordo com o professor de física Leandro Tessler, da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pressão interna de um
subaquático é equivalente à pressão atmosférica. A implosão ocorre quando a
pressão externa é maior do que aquela que a embarcação consegue suportar. Nesse
caso, o veículo é esmagado e reduzido a algo semelhante a uma latinha de
refrigerante pisada. Os tripulantes também são espremidos e morrem em questão
de poucos segundos.