EFE -21/02/2023 19:01
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta
terça-feira (21) a suspensão do cumprimento pelo país do Start III, ou Novo
Start, o último tratado de desarmamento nuclear ainda em vigor entre a Rússia e
os Estados Unidos.
Putin ressaltou que "a Rússia não abandona mas apenas
suspende" o cumprimento do tratado sobre a redução de armamento
estratégico ofensivo que expira em 2026 e culpou os Estados Unidos pela
resolução.
"Se os EUA fizerem testes nucleares com um novo tipo de
arma estratégica, a Rússia também fará testes", alertou.
"É claro que não seremos os primeiros a fazê-lo. [...]
Ninguém deve alimentar a perigosa ilusão de que a paridade estratégica global
pode ser destruída", acrescentou.
O líder russo também fez questão de desvincular sua decisão
do atual conflito na Ucrânia e do apoio do Ocidente a Kiev.
Nesse sentido, tachou de "teatro do absurdo" a
declaração em que a Otan exigia que a Rússia cumprisse o tratado, que inclui
inspeções de suas instalações nucleares.
Em resposta, defendeu a ideia de que a Aliança Atlântica
passe a fazer parte do tratado, uma vez que países como o Reino Unido e a
França também possuem arsenais nucleares.
Em novembro de 2022, Rússia e EUA iriam retomar o diálogo
estratégico no Cairo, mas Moscou decidiu no último minuto adiá-lo
indefinidamente devido à "falta de disposição" de Washington em levar
em consideração as prioridades russas.
Os Estados Unidos haviam suspendido o diálogo sobre controle
de armas após a intervenção da Rússia na Ucrânia.
A Rússia, por sua vez, informou Washington em agosto de sua
decisão de proibir as inspeções in loco dos EUA de seu arsenal de
armas nucleares, citando dificuldades em fazer o mesmo em território americano
devido a sanções ocidentais sobre autorizações de sobrevoo e concessão de visto
a autoridades russas.
Em fevereiro de 2021, Putin e seu homólogo americano, Joe
Biden, estenderam por cinco anos o último tratado de desarmamento nuclear entre
as duas potências, assinado em 2010.
O Novo Start, que inclui especificamente um sistema de
inspeção de arsenais, reduziria o número de ogivas nucleares em 30%, para 1.550
por país.
Além disso, limitou a 700 o número de mísseis balísticos
intercontinentais, os implantados em submarinos e bombardeiros estratégicos
equipados para armas nucleares.
Também reduziu para 800 o total de lançadores de mísseis
intercontinentais, lançadores submarinos de mísseis balísticos e bombardeiros
estratégicos equipados para armas nucleares, desdobrados ou não.