exame -28/09/2021 01:00
O governo do primeiro-ministro Boris Johnson colocou
centenas de soldados do Exército de sobreaviso nesta segunda-feira, 27, para
agir, caso a escassez de gasolina nos postos do país causada pelas chamadas
"compras nervosas" de combustível agravem a crise de abastecimento
que atinge o Reino
Unido. Dois de cada três postos já estão parados, segundo a associação dos
revendedores locais.
Na semana passada, o apelo do governo para que os
consumidores evitem os postos - diante de uma escassez de caminhoneiros que
dificulta a logística de distribuição de bens de consumo- teve efeito
contrário. Os britânicos correram para as estações de serviço, e BP e Shell tiveram
de fechar estações. Durante o fim de semana, houve registro até mesmo de brigas
em alguns postos.
O governo determinou que o Exército pode ser acionado para
distribuir combustível em locais prioritários. Sindicatos de caminhoneiros
pediram que os serviços de distribuição tenham primazia, já que supermercados
tiveram episódios de desabastecimento nas últimas semanas.
Isso ocorre porque em consequência do Brexit e da pandemia
de covid-19 mais de 100 mil motoristas de caminhão, a maioria do Leste
Europeu deixou o país. Com as novas regras migratórias e o coronavírus, muitos
preferiram voltar para o continente. A mão de obra local não consegue suprir
essa demanda, como alertaram diversos opositores do Brexit durante a campanha
para o referendo de 2016.
"Temos amplos estoques de combustível, mas estamos
cientes dos problemas de abastecimento nos postos e estamos tomando medidas
para amenizar isso. É uma prioridade", disse o secretário de Comércio
Kwasi Kwarteng.
As longas filas, que começaram na sexta-feira, provocaram
engarrafamentos e lotação em estradas no fim de semana e durante o dia. Com o
aumento das filas, a irritação dos consumidores, que chegaram a esperar horas,
também cresceu.
Apesar da pressão sobre Boris Johnson, membros de seu
gabinete optaram por atribuir a crise aos consumidores. "A única
razão pela qual não temos combustível nas bombas é que as pessoas estão
comprando gasolina que não precisam", disse o secretário do Meio Ambiente,
George Eustice.
Em nota, grandes empresas fornecedoras de gasolina, como a
BP, a Shell e a Esso disseram em um comunicado conjunto que esperam normalizar
o abastecimento nos próximos dias.
O temor agora é de que a falta de gasolina prejudique
operações essenciais de serviço de saúde e de segurança. "Trabalhadores de
serviço de saúde precisam de acesso prioritário à gasolina para garantir o
cuidado dos pacientes", disse Chaand Nagpaul da Associação Médica do Reino
Unido.
A secretária-geral do Unison, sindicato que representa o
serviço público no país, alertou para a necessidade de o setor seguir
funcionando. "Enfermeiros, médicos, policiais e professores não podem
ficar horas na fila para abastecer", disse a secretária-geral da entidade,
Christina McAnea.