r7 -26/04/2021 15:16
Dados do Ministério da Saúde mostram que há cerca de 38
milhões de pessoas que sofrem de hipertensão no Brasil, um fator de risco para
que a covid-19 se
desenvolva de forma grave. Afora a infecção causada pelo coronavírus, pessoas
que convivem com a pressão arterial elevada também têm mais chances de sofrerem
de infarto, problemas renais e AVC (acidente vascular cerebral).
Segundo o cardiologista Hélio Castello, membro-fundador da
Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista, em 90% dos casos a
hipertensão é hereditária e se manifesta a partir dos 40 anos.
No entanto, em casos de maior incidência da doença entre
familiares, uma pessoa pode se tornar hipertensa ainda na juventude.
“A melhor forma de prevenir é primeiro conhecer a saúde da
sua família e, uma vez que tenha muitos hipertensos, é importante que essa
pessoa faça um controle mais rigoroso, que vá ao médico regularmente, meça a
pressão com mais frequência para tentar detectar o problema precocemente. Por
isso é importante ter a pressão mensurada em todas as consultas médicas, mesmo
as crianças”, recomenda Castello.
O aumento de peso também pode contribuir para o aumento da
pressão arterial, principalmente quando há excesso de sal e alimentos
industrializados na alimentação.
“O ideal é que a pessoa faça atividade física, controle o
estresse e outras doenças que ela possa ter, como diabetes e problemas renais.
É importante passar no médico regularmente e, uma vez iniciado o tratamento,
que a pessoa não abandone os remédios mesmo com a pressão controlada”, explica
o cardiologista.
O que a hipertensão
pode provocar no organismo?
De acordo com o especialista, a hipertensão arterial é uma
doença sistêmica, capaz de afetar todo o corpo.
“Uma vez que a pessoa fica com a hipertensão descontrolada,
o organismo vai se adaptando inicialmente, mas com o passar do tempo isso se
torna prejudicial”, afirma Castello.
Nestes casos, os vasos sanguíneos e as artérias ficam
trabalhando em um regime de pressão mais alto, tornando suas paredes mais
espessas e menos elásticas, o que favorece a formação de placas de gordura.
“Isso aumenta o risco de infartos, AVC e obstruções
arteriais em qualquer lugar do corpo. No coração a sobrecarga pode levar à
dilatação cardíaca, podendo ocasionar insuficiência cardíaca e arritmias”,
afirma Castello.
Além disso, as alterações vasculares também podem ocorrer na
região dos olhos, levando à piora da visão e, em alguns casos, a sua perda
total. Nos rins, a hipertensão pode alterar a circulação do órgão, o que
prejudica a filtração, podendo causar insuficiência renal.
Hipertensão e
covid-19
No caso da covid-19, a hipertensão arterial contribui para
que a inflamação causada pelo coronavírus nos vasos sanguíneos seja maior, o
que facilita quadros de trombose.
“O paciente que tem a hipertensão descompensada já tem um
certo grau de inflamação crônica, principalmente na parte interior dos vasos, e
a covid é uma infecção viral que também acomete os vasos”, explica Castello.
Nos casos mais graves de hipertensão, o paciente tem um
comprometimento maior do coração, com quadros de dilatação e disfunção do
funcionamento do órgão, o que contribui para que a covid-19 evolua de forma
mais severa.
Para se proteger do coronavírus, a recomendação do médico é
de que os hipertensos sigam as mesmas medidas não farmacológicas da população
em geral, como manter o distanciamento social, fazer o uso de máscara, sempre
higienizar as mãos com álcool em gel ou água e sabão.
“E sem dúvida alguma, tomar a vacina contra a covid-19 e a
gripe. É importante que a pessoa que tem hipertensão não pare de tomar o seu
remédio, mantenha o tratamento e retorne ao médico”, afirma o cardiologista.