r7 -05/02/2022 17:56
No rastro da temporada de chuvas que vem causando estragos
pelo Brasil, o acúmulo de água parada contribuiu para a proliferação do
mosquito Aedes aegypti, responsável por disseminar o vírus causador da
dengue. Os casos da doença dispararam pelo país e só no Distrito Federal houve
um aumento de 212% na comparação com as primeiras semanas do ano
passado.
Neste cenário, vale ficar atento aos sintomas da dengue que,
de início, podem se confundir com os da Covid-19, que também causa febre e
mal-estar. A infectologista Ingrid Cotta, da Beneficência Portuguesa de São
Paulo, alerta que, apesar da febre, as doenças são diferentes.
“Os principais sintomas da dengue são dor de cabeça, dor
atrás dos olhos, dor nos músculos, nas articulações, mal-estar, cansaço,
manchas vermelhas na pele e, eventualmente, sangramentos, podendo também haver
náuseas e vômitos. Já os sintomas da Covid são mais no trato respiratório
superior e inferior, associados ao cansaço, nariz escorrendo e tosse com
expectoração que pode ser de cor clara, amarelada ou esverdeada”, destaca.
De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo mais vulnerável
às complicações causadas pela dengue é composto por mulheres grávidas, crianças
e idosos com mais de 60 anos, pessoas com doenças crônicas – como asma
brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme e hipertensão – ou que já
passaram por infecções prévias causadas por outros sorotipos da dengue.
Quando devo procurar atendimento médico?
Nos casos em que a febre, associada a pelo menos outros dois
sintomas da dengue, persistir por mais de sete dias, um médico deve ser
consultado. Além disso, a infectologista destaca que há os sinais de alarme que
indicam um agravamento do quadro e a necessidade imediata de atendimento para
evitar o risco de óbito pela doença.
Os sintomas são: dor abdominal intensa e contínua, vômitos
persistentes, inchaço no abdômen por acúmulo de líquido, desmaio causado por
queda de pressão, sangramento em mucosa, como na boca ou na região anal, por
exemplo.
“O paciente também fica letárgico, lentificado ou com
irritabilidade, a frequência cardíaca também aumenta e as extremidades ficam
frias, como mãos e pés gelados”, destaca a médica.
Como posso me cuidar em casa?
Se os sintomas forem leves e, após a consulta médica, não
houver a necessidade de internação ou acompanhamento, a recomendação é de
repouso e atenção redobrada com a hidratação.
“Os adultos podem usar água, suco de fruta, chás, água de
coco, exceto álcool. E as crianças devem ser hidratadas pela boca, precocemente
e abundantemente, com soro de reidratação oral, que deve ser oferecido com uma
frequência sistemática, e completar com os líquidos caseiros, como os sucos e
chás”, explica.
Nos casos em que há febre ou dor, a recomendação é de uso
dos medicamentos antitérmicos ou analgésicos, como a dipirona ou paracetamol.
Para cessar a náusea e os vômitos, o medicamento recomendado pela
infectologista é a ondansetrona.
Quais medicamentos não devo tomar?
Em casos de suspeita de dengue ou mesmo quando já há o
diagnóstico, os medicamentos da classe dos salicilatos devem ser evitados,
principalmente o ácido acetilsalicílico, também conhecido como AAS.
“Os salicilatos podem causar sangramentos. Há também os de
uso clínico, como o salicilato de sódio, a salicilamida, o diflunisal e o
benorilato, que devem ser evitados”, afirma a médica.