reuters -17/05/2021 12:47
Em um vilarejo do norte da Índia assolado pela Covid-19, os
doentes jazem em catres sob uma árvore com bolsas de soro intravenoso
penduradas em galhos. Vacas pastam ao redor, e seringas e embalagens de
produtos médicos vazias ficam espalhadas pelo chão.
Não existem médicos nem instalações de saúde em Mewla
Gopalgarh, situado em Uttar Pradesh, Estado mais populoso do país, e a 90
minutos de carro da capital nacional Nova Délhi. Há um hospital governamental
próximo, mas este não tem leitos disponíveis, e os moradores do vilarejo dizem
que não conseguem pagar clínicas particulares.
Em vez disso, praticantes locais de medicina alternativa
montaram uma clínica a céu aberto onde distribuem soro glicosado e outros
remédios a pacientes com sintomas de Covid-19.
Alguns acreditam que ficar debaixo de uma nim, árvore
conhecida por suas propriedades medicinais, eleva os níveis de oxigênio – mas
não existe base cientifica para esta crença, nem para alguns dos medicamentos
que estão sendo oferecidos.
“Quando as pessoas ficam ofegantes, têm que ir para debaixo
de árvores para elevar os níveis de oxigênio”, disse Sanjay Singh, cujo pai de
74 anos morreu alguns dias atrás depois de ter febre. Ele disse que o pai não
foi examinado e faleceu em dois dias.
“As pessoas estão morrendo, e não há ninguém para cuidar de
nós”, disse.
A segunda onda de infecções devastadora da Índia, que
colocou até hospitais de grandes cidades, como Délhi, à beira do colapso, está
assolando o vasto centro rural do país, onde o atendimento de saúde é escasso.