hernandes dias lopes -03/07/2022 10:48
A arrogância é um sentimento tolo. Somente aqueles que não
sabem quem são cultivam pensamentos soberbos. Mas ninguém pode conhecer a si
mesmo sem antes conhecer a Deus. O conhecimento de Deus é o primeiro passo para
o autoconhecimento. Se o homem desconhece a Deus, projeta-se a si mesmo além do
que convém. Infla sua vaidade ao extremo e sente-se maior e melhor do que de
fato é.
Quanto mais o indivíduo conhece a Deus, mais conhece a si
mesmo. Quanto mais se aproxima do Todo-poderoso, mais reconhece sua fraqueza.
Quanto mais compreende a grandeza insondável daquele que a tudo vê, tudo sonda
e a todos conhece, mais cônscio fica de sua total carência da graça.
Destacaremos três tipos de arrogância:
Em primeiro lugar, a arrogância
intelectual. A arrogância intelectual é uma tolice inominável. A
arrogância do saber é uma prova incontestável da ignorância mais tosca. O que
não sabemos é muito maior do que o que sabemos. O que não sabemos é um universo
inesgotável diante das coisas diminutas que sabemos.
O sábio é aquele que quase nada sabe. O tolo arrota saber,
estadeia conhecimento e faz propaganda de sua erudição. O sábio, porém,
perplexo, se humilha diante da imensidão vastíssima do que se deve saber e das
gotas diminutas do que se sabe. Os soberbos, como um restolho, só têm sabugo e
palha, porém, jamais se curvam humildemente diante de Deus.
Aqueles, entretanto, que buscam o saber, quanto mais se
aprofundam no conhecimento, mais humildes se tornam e menos fazem propaganda de
sua erudição, porque vivem extasiados diante da majestade de Deus e de suas
obras.
Em segundo lugar, a arrogância
moral. A arrogância moral é outra destacada tolice. Proclamar suas
próprias virtudes e aplaudir seus próprios feitos é de uma mediocridade sem
tamanho. Só aqueles que vivem nas sombras lôbregas da ignorância moral podem
exaltar a si mesmos e construir monumentos a si mesmos.
Quanto mais conhecemos a santidade de Deus, mais cônscios
ficamos de nossa miserável condição de pecadores. Quanto mais sondamos as
profundezas de nossa alma, mais cientes ficamos das nódoas que maculam nosso
íntimo. Conhecer a Deus e viver em sua presença é prostrar-se com o rosto no
chão, e ter um senso profundo de nossa miserabilidade.
Só a luz daquele que proclamou a si mesmo como a luz do
mundo pode devassar os corredores escuros do nosso coração. Só diante dele
temos consciência de que nossas justiças não passam de trapos de imundícia.
Só quando nos vemos despojados de justiça própria podemos desejar ser
revestidos de sua justiça.
Em terceiro lugar, a arrogância
espiritual. A arrogância espiritual é loucura consumada. Só um fariseu
hipócrita ostenta o verniz de sua espiritualidade fajuta e aplaude suas
próprias virtudes ao mesmo tempo que reprova, de forma ácida, os delitos das
pessoas que vivem à sua volta.
Os homens mais piedosos são aqueles que mais choram pelos
seus pecados. Os soberbos, todavia, gabam-se de virtudes que nunca tiveram. Os
humildes reconhecem-se pobres e carentes da graça; os soberbos colocam-se no
pedestal da santidade, para se vangloriar em sua justiça própria.
Os arrogantes estadeiam sua santidade externa ao mesmo tempo
que escondem seu coração cheio de rapina. Falam de seus feitos ao mesmo tempo
que escondem suas perversas motivações. Proclamam sua própria piedade ao mesmo
tempo que denunciam, sem piedade, os pecados dos outros. Os soberbos são
resistidos por Deus, mas os humildes são por ele exaltados. Não exalte a si
mesmo, antes, humilhe-se sob a poderosa mão de Deus.
Não drapeje a bandeira de suas obras. Ao contrário, faça o
bem sem olhar a quem, e ordene que sua mão esquerda esqueça-se do que fez a sua
mão direita. Não queira receber a glória que só pertence a Deus. Ao fazer o
bem, faça-o para a glória de Deus e para o bem de seu próximo. Lembre-se, você
não é o centro do universo, Deus é.
Portanto, busque em primeiro lugar o reino de Deus e a sua
justiça. Não busque seus próprios interesses, mas também o que é dos outros.
Viva de forma piedosa diante de Deus e de forma justa diante dos homens!