hernandes dias lopes -13/02/2022 00:24
Historiadores de escol afirmaram, e com razão, que o império
romano só caiu nas mãos dos bárbaros porque já estava podre por dentro. Como
somos lerdos em aprender com os erros da história, estamos fadados a cometer os
mesmos desvarios e colher os mesmos resultados amargos.
Em nome do progressismo, estamos assistindo uma realidade
inglória da destruição dos valores morais. Agendas progressistas não querem
apenas tolerância para se praticar toda sorte de desvarios comportamentais, mas
querem também empurrar goela abaixo um estilo de vida às avessas para toda a
sociedade. Jeitosamente, militantes ferrenhos dessa inversão de valores se
infiltram em todos os setores da sociedade, laborando sem pausa na
desconstrução da ética judaico-cristã.
Querem jogar fora todo o legado que herdamos dos nossos
antepassados. Querem uma sociedade sem limites, rendida à ditadura do
relativismo moral. Pelas lentes embaçadas dessa cosmovisão, o certo é errado e
o errado é certo; a luz é escuridão e a escuridão é luz; o doce é amargo e o
amargo é doce. A vida está de ponta-cabeça. Os valores estão invertidos. Não
existe mais o certo e o errado.
Alistaremos aqui, quatro aspectos dessa inversão de valores:
Em primeiro lugar, a inversão de valores quanto à
dignidade da vida. Os ativistas pró-aborto fazem uma distinção grotesca
entre vida humana e pessoa humana. Admitem que o feto é uma vida humana, mas
negam direito à vida àqueles que dizem não ser ainda uma pessoa humana.
Assim, veem o feto que está sendo formado como uma massa
indesejável que pode ser descartada do corpo da mãe, como uma verruga
pestilenta. Certamente, o aborto pode ter o amparo das leis humanas, mas jamais
terá o aval da lei de Deus. A vida começa na concepção e Deus é o autor da
vida. É prerrogativa divina dar a vida e tirar a vida.
O aborto é assassinato e assassinato com requintes de
crueldade. Ser a favor do aborto é abraçar a cultura da morte, em nome dos
direitos humanos. É negar o mais sagrado dos direitos, o direito à vida, o
direito de nascer e de viver.
Em segundo lugar, a inversão de valores quanto à
dignidade do gênero. Os ativistas radicais, na contramão da ciência,
querem emplacar a ideia de que a criança nasce neutra e ela mesma é que deve
escolher se quer ser do gênero masculino ou feminino. Desde a concepção, porém,
essa definição de gênero já é estabelecida biologicamente.
O zigoto, o embrião e o feto já trazem essa definição. Todos
os órgãos internos e externos do menino e da menina se desenvolvem,
naturalmente, desde o ventre materno. Afirmar que a decisão de gênero é uma
questão pós-nascimento é conspirar contra a ciência e contra os valores básicos
que sustentaram a família e a sociedade desde as priscas eras.
Em terceiro lugar, a inversão de valores quanto à
dignidade do casamento. O casamento foi a primeira instituição divina.
Deus criou o homem e a mulher distintos e uniu-os em casamento para uma relação
de complementaridade. Só uma relação heterossexual pode cumprir o mandato
cultural de procriação e perpetuação da raça.
A relação homoafetiva pode ser aceita e regulamentada pelas
leis dos homens, mas jamais será sancionada pela lei de Deus. A sociedade
humana muda, as leis humanas mudam, mas a Palavra de Deus é imutável. Ela não
se dobra diante da cultura. Ela não é julgada pela cultura. Ela continua sendo
a única norma absoluta de fé e de conduta que devemos seguir, se quisermos
viver em consonância com o propósito para o qual fomos criados.
Em quarto lugar, a inversão de valores quanto à
dignidade da família. Há uma cruzada ostensiva contra a família
tradicional neste tempo. Há um esforço colossal para acabar com a ideia de pai
e mãe, homem e mulher, menino e menina. Querem impor até mesmo uma linguagem
neutra, para apagar de vez com o conceito de masculino e feminino.
Infelizmente, o esforço para implementar essa agenda conta com o apoio de
parlamentos e cortes.
A grande mídia, o cinema e o teatro estão de mãos dadas para
tirar do mastro a bandeira da família tradicional, conforme instituída por
Deus, para fincar um novo estandarte, o estandarte da família permissiva,
acéfala e desgovernada como uma nau sem rumo. A pergunta do salmista cruza os
séculos e chega até nós, com voz retumbante: “Ora, destruídos os fundamentos, o
que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3).