hernandes dias lopes -08/01/2023 14:12
“O que
tem parte com o ladrão aborrece a própria alma; ouve as maldições e nada
denuncia” (Pv 29.24)
As palavras supramencionadas foram escritas pelo rei
Salomão, o homem que governou Israel durante quarenta anos. Conhecia bem os
bastidores do poder e tinha plena convicção da disposição inata do coração
humano para praticar o mal ou encobri-lo. Quatro lições podem ser identificadas
no texto. Vejamos:
Em primeiro lugar, há pessoas que vivem na prática do
roubo. O ladrão é aquele que apropria indebitamente aquilo que não lhe
pertence. Faz isso com violência ou na surdina. Rouba à mão armada ou furta
sorrateiramente. Aqueles que vivem nessa prática incorrem na transgressão do
oitavo mandamento da lei de Deus.
Aqueles que assim procedem não herdarão o reino de Deus. Nem
sempre os que roubam, surrupiam os bens privados. Há aqueles que roubam o
erário público, usando o mecanismo da corrupção. Esses são sanguessugas, que se
alimentam das riquezas da nação, resultado dos suados tributos e impostos pagos
pelos trabalhadores.
Os recursos públicos que deveriam atender às necessidades do
povo são desviados para enriquecer criminosos de colarinho branco. Mesmo não
assaltando à mão armada, sempre que esses fora da lei subtraem recursos
públicos para o enriquecimento pessoal, estão matando pessoas indiretamente,
seja nas filas dos hospitais, por falta de atendimento médico ou nas estradas
esburacadas, por falta de manutenção.
Em segundo lugar, há pessoas que são parceiras de
ladrões. Há um outro grupo que faz parte do conluio do crime. Esse grupo é
composto daqueles que têm parte com o ladrão. Esses não estão na linha de
frente do roubo, mas facilitam o caminho para os ladrões. Não são pegos com a
mão na botija, mas abrem espaço e dão cobertura àqueles que se enveredam pelo
caminho sinuoso da ilicitude.
Muito embora, os parceiros do roubo nem sempre apareçam,
eles são corresponsáveis por esse crime nefasto. São venais para a sociedade.
São parasitas da nação. São dráculas sanguissedentos que matam o próximo para
sobreviver.
Em terceiro lugar, as pessoas que são coniventes com
ladrões atormentam sua própria alma. As riquezas adquiridas de forma
ilegal, ilícita e imoral tornam-se um chicote que castiga impiedosamente.
Essa riqueza não produz bênção, mas maldição. Não traz
descanso para a mente, mas tormento para a alma. Não melhora a qualidade de
vida, mas açoita a consciência com o azorrague da culpa.
Bens roubados podem levar a uma riqueza fácil e imediata,
mas destroem o caráter, arruínam a reputação, enlameiam o nome e produzem
opróbrio. Essa riqueza pode oferecer, por um momento, algum conforto, mas ao
fim, produz um desassossego permanente e a condenação eterna.
Em quarto lugar, as pessoas envolvidas com roubalheira
ficam amordaçadas pela conivência e pela culpa. Elas ouvem as maldições e
nada denunciam. Tornam-se coniventes com o erro e cúmplices com o crime. Fazem
aliança com a mentira. Acobertam aquilo que deveriam denunciar. Silenciam sua
voz diante da injustiça e mergulham a alma numa omissão covarde. O silêncio
ensurdecedor da cumplicidade com os ladrões é tão ruidoso como a prática do
roubo. Quem se torna amigo e protetor de ladrões, iguala-se a eles e deve
merecer, das pessoas de bem, a mesma reprovação.
Este provérbio de Salomão nunca foi tão atual e tão
necessário. Warren Wiersbe, ilustre escritor americano, diz que a maior crise
da sociedade é a crise de integridade. Escasseiam-se os homens que respeitam a
vida, a honra, os bens, o nome e a casa alheia. Que Deus tenha misericórdia de
nós, para que jamais nos dobremos à sedução da riqueza fácil nem jamais nos
conformemos com a prática do roubo, a ponto de sermos cúmplices de ladrões.