hernandes dias lopes -05/03/2023 13:27
O Jardim do Getsêmani foi o lugar da agonia de Jesus. Ali
havia uma prensa de azeite, onde as azeitonas eram amassadas, para se extrair o
óleo que servia de combustível para as lamparinas. Foi nesse jardim, no sopé do
monte das Oliveiras, que Jesus se entristeceu, orou, chorou e sangrou. Foi ali
que ele travou mais titânica batalha da humanidade.
Foi ali que ele, em lágrimas, rogou ao Pai para passar dele
o cálice. Foi ali que ele se prostrou com o rosto em terra e, de forma
perseverante, orou e se sujeitou à vontade do Pai. Foi ali que ele foi
consolado por um anjo e fortalecido pelo Pai, para caminhar vitoriosamente para
a cruz.
No Getsêmani, Jesus enfrentou severa angústia. Essa
angústia teve três níveis. Vejamos:
Em primeiro lugar, Jesus admite sua angústia para si
mesmo (Mt 26.37). “E, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de
Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se”. Qual foi a causa da
tristeza e da angústia de Jesus? Angustiou-se porque sabia que seria preso,
julgado e condenado? Angustiou-se porque sabia que seria esbordoado e cuspido
pelos membros do sinédrio judaico?
Angustiou-se porque sabia que seus discípulos o
abandonariam? Angustiou-se porque sabia que Judas o trairia, Pedro o negaria e
Pilatos o sentenciaria a pena de morte? Angustiou-se porque sabia que seria
pregado na cruz como um malfeitor? A resposta é mil vezes não!
Angustiou-se porque sabia que sendo o Amado do Pai, seria
abandonado por ele na cruz. Angustiou-se porque sendo santo, santo, santo seria
feito pecado por nós. Angustiou-se porque sendo bendito eternamente, seria
feito maldição, para que fôssemos benditos eternamente.
Em segundo lugar, Jesus admite sua angústia para seus
discípulos (Mt 27.38). “Então, lhes disse: A minha alma está profundamente
triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”. Muitas coisas, Jesus falou às
multidões. Outras, falou apenas para seus discípulos. Quando foi tomado de
tristeza e angústia, revelou isso apenas aos seus três discípulos mais
chegados, Pedro, Tiago e João. Mas, quando chorou e suou sangue, fez isso
sozinho.
Aqui Jesus revela sua perfeita humanidade. Mesmo sabendo que
ao se ferir o pastor, as ovelhas ficariam dispersas. Mesmo tendo pleno
conhecimento de que Judas o trairia e Pedro o negaria, Jesus ordena a seus
discípulos a ficarem com ele e a vigiarem com ele. Aquilo que era uma
experiência íntima e pessoal, agora, é uma realidade compartilhada com seus
discípulos mais próximos.
Infelizmente, os discípulos não passaram no teste. Enquanto
Jesus travava a mais renhida batalha em favor da nossa alma, seus discípulos se
agarraram no sono. Em vez de vigiarem, dormiram; em vez de ficarem com Jesus,
fugiram acovardados.
Em terceiro lugar, Jesus admite sua angústia para o
Pai (Mt 27.39). “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto,
orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice. Todavia, não
seja como eu quero, e sim como tu queres”. Jesus já havia admitido sua tristeza
para si e para seus discípulos.
Agora, admite-a diante do Pai. A batalha mais pesada foi
travada no interior do Getsêmani, quando sozinho, Jesus prostrou-se com o rosto
em terra, clamando ao Pai para passar dele o cálice. Três vezes Jesus orou,
pedindo ao Pai a mesma coisa. Ele ofereceu, numa luta de sangrento suor, forte clamor
e lágrimas àquele que poderia livrá-lo da morte.
No Getsêmani, porém, Jesus sujeitou-se à vontade do Pai, e
sorveu cada gota daquele cálice amargo da ira de Deus que deveria cair sobre
nós. Ele tomou o nosso lugar como nosso representante e fiador. Ele levou sobre
si as nossas iniquidades. Ele morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras. Agora, pela sua morte temos vida; pelo seu sangue temos redenção,
pelo seu sacrifício temos plena salvação.