hernandes dias lopes -30/01/2022 15:03
Viver é uma aventura, uma aventura perigosa. A estrada da
vida está juncada de espinhos, armadilhas e minas prontas a explodirem. O
inimigo nos espreita e busca uma ocasião oportuna para nos atacar. No caminho
há perigos, ameaças, montes escarpados, ladeiras escorregadias, pinguelas
estreitas, lagos profundos, vales escuros, desertos esbraseantes.
As circunstâncias adversas, muitas vezes, conspiram contra
nós; situações inesperadas nos deixam abalados; ventos contrários, surram com
desmesurado rigor o barco da nossa vida.
Somos surpreendidos por tempestades que atingem a nossa
saúde, o nosso bolço, o nosso lar, a nossa paz. Somos feridos por setas
pontiagudas que rasgam a nossa carne, fazem jorrar o nosso sangue e alagar o
nosso leito com as nossas lágrimas.
Somos, então, amassados debaixo do rolo compressor da
angústia, gememos, choramos, sentimos nossas forças sendo minadas, o sorriso
apagar-se do nosso rosto, o brilho fugir dos nossos olhos. O cenário parece
sombrio, não enxergamos uma luz no fim do túnel, não divisamos solução à vista.
O que fazer nessas horas? Para onde correr? Onde devemos buscar socorro?
Ser cristão não é ser poupado dos problemas. Cristianismo
não é uma apólice de seguro contra os acidentes da viagem rumo à Canaã
celestial. O sofrimento faz parte também da agenda do povo de Deus.
Neste mundo sempre vamos ter aflições. Aqueles que andaram
com Deus neste mundo não pisaram tapetes aveludados, mas cruzaram desertos
inóspitos, entraram em cavernas escuras, atravessaram mares encapelados,
desceram aos vales sombrios, foram jogados nas fornalhas ardentes, trancados
nas prisões, empurrados para as arenas, lançados nas fogueiras.
O próprio Filho de Deus, imaculado, impoluto e sem jaça,
quando pisou nesta terra bebeu o cálice do sofrimento: foi perseguido,
insultado, abandonado, negado, traído, esbofeteado, cuspido, pregado numa cruz.
O nosso sofrimento não deve ser interpretado como ausência
do amor de Deus por nós. Ele sofre conosco. Ele é compassivo. Nossa dor é a sua
dor. Os nossos gemidos são os soluços de Deus.
Não sofremos porque Deus está distante de nós ou nos
castigando. Mesmo quando ele nos disciplina, sua motivação é o seu amor, seu
propósito é a nossa santidade. O nosso sofrimento nunca é maior do que a
consolação de Deus. Nosso vale nunca é tão profundo que a misericórdia de Deus
não seja mais profunda.
O bálsamo de Deus sempre é eficaz para curar todas as nossas
feridas. A alegria de Deus é temperada com as nossas lágrimas e a paz que
excede todo o entendimento jorra do trono de Deus ao nosso coração mesmo nas
noites mais escuras do nosso sofrer.
Mesmo quando sofremos, Deus está no controle das
circunstâncias, para consolar-nos, levantar-nos, fortalecer-nos e usar-nos como
fontes de consolação. O nosso sofrimento é pedagógico: ele nos ensina a
perseverar, ele nos proporciona experiência com Deus, ele abre dentro do nosso
peito uma fonte de esperança no Deus vivo.
O nosso sofrimento é leve e momentâneo se comparado com as
glórias que nos estão reservadas no céu; ele produzirá para nós eterno peso de
glória acima de toda comparação. Por isso, se você está sofrendo, não fique
deprimido nem desanimado, mas levante a cabeça e saiba que Deus está no
controle. Na jornada da vida, por mais estreito que seja o caminho, ele o
segura pela sua mão, o guia com o seu conselho eterno e depois o receberá na
glória!