hernandes dias lopes -16/05/2021 13:28
“RESTAURA, SENHOR, A NOSSA SORTE, COMO AS TORRENTES DO NEGUEBE” (SL 126.4)
O Salmo 126 é um salmo pós-cativeiro. O salmista olha para o
passado com gratidão ao relembrar a libertação realizada por Deus (v. 1-3),
olha para o presente, com oração, reconhecendo a necessidade de restauração (v.
4), e olha para o futuro, com esperança, convicto de que toda semeadura, ainda
que lágrimas, desembocará em colheita feliz e abundante (v. 5,6).
Destacamos aqui, apenas a perspectiva presentana, onde o
clamor por restauração é um apelo veemente de alguém, que olha para o melhor do
passado como medida mínima do que fará no presente e no futuro. Cinco lições
podem ser derivadas do versículo em apreço:
Em primeiro lugar, as vitórias do passado não são
garantias de sucesso no presente. Ao olhar para o passado, o salmista viu
o livramento de Deus. Isso foi algo maior que o povo podia imaginar. Isso
trouxe alegria a eles e impacto entre as nações. Essa libertação do cativeiro
produziu neles profundo reconhecimento e efusiva alegria. Porém, agora, estão
áridos como um deserto. Retornaram para a terra prometida, mas não estavam
desfrutando de uma vida maiúscula. Estavam em Jerusalém, mas não estavam contemplando
a face do Rei. As ataduras da servidão foram quebradas, mas não estavam
desfrutando de vida abundante. Isso prova que as vitórias do passado não são
garantias de êxito no presente. Todo o dia é dia de andarmos com Deus.
Em segundo lugar, a sequidão do presente não deve ser
motivo de desânimo, mas de clamor a Deus. O Salmista orou: “Restaura,
Senhor, a nossa sorte…”. Enfrentamos a carranca da crise não com murmuração,
mas com clamor a Deus. Se Deus se apiedar de nós, nosso deserto pode florescer.
Se ele se agradar de nós, nossos vales áridos se encherão de trigo e nossos
desertos secos transbordarão de vinho. A crise deixa ser nossa sentença de
morte, para ser o território de nossa busca pela face do Eterno.
Em terceiro lugar, a restauração não é obra humana, mas
divina. O salmista pediu: “Restaura, Senhor, a nossa sorte…”. Não podemos
restaurar a nós mesmos nem perdoar a nós mesmos. Não podemos terapeutizar
nossas próprias feridas nem reavivarmos nosso próprio coração. É Deus quem nos
restaura. Dele procede o nosso perdão e a nossa cura. Só ele pode nos reavivar,
iluminando nossa mente e aquecendo nosso coração.
Em quarto lugar, a restauração não é fruto das mãos que
obram, mas dos joelhos que se dobram. O salmista clamou: “Restaura,
Senhor, a nossa sorte…”. A oração é a arma mais poderosa dos soldados de
Cristo. A oração une a fraqueza humana à onipotência divina. Ela aliança o
altar da terra com o trono do céu. A oração move o braço que move o mundo. Pela
oração Deus nos restaura. Pela oração o fraco é fortalecido, a caído é
levantado e a igreja apática é reavivada.
Em quinto lugar, a restauração não é uma conquista do
homem, mas um milagre da graça de Deus. “Restaura, Senhor, a nossa sorte
como as torrentes do Neguebe”. O Neguebe é o maior deserto da Judeia. Esse
deserto é formado de montanhas rochosas e vales profundos. É um território
inóspito e perigoso, que experimenta um fenômeno extraordinário.
Ocasionalmente, correntes volumosas de água, descem dos morros alcantilados,
rasgando as entranhas do deserto e por onde esses rios de vida passam, tudo
floresce e frutifica. O salmista está orando e pedindo que Deus faça o mesmo em
sua vida. Ele está clamando pelo mesmo milagre de restauração na história de
Israel. Oh, que Deus nos restaure, nos reavive e transforme nossos desertos em
oásis!