hernandes dias lopes -23/10/2021 18:46
Ao longo da história, em vários lugares, em diversas
ocasiões, o povo de Deus substituiu a obediência pelos rituais religiosos.
Foram zelosos na observância de preceitos externos e descuidados com a
obediência, para a qual esses rituais apontavam. Praticaram a religiosidade
para agradar a eles mesmos e não para o Senhor. O profeta Zacarias, trata desse
solene assunto no capítulo sete de seu livro.
De Betel foram enviados mensageiros a Jerusalém para
perguntarem aos sacerdotes e profetas que estavam na Casa de Deus, se deveriam
continuar a chorar com jejuns, no quinto mês, como era seu costume há tantos
anos.
É nesse contexto que Deus ordena Zacarias a falar a todo o
povo e aos sacerdotes, que nos setenta anos de cativeiro babilônico, o jejum
que praticaram não foi para Deus. De igual modo, eles comeram e beberam para
eles mesmos. Deus estivera ausente de suas atividades comuns bem como de suas
práticas religiosas.
O profeta Zacarias, então, aproveita o ensejo para relembrar
o povo que voltara do cativeiro, as mensagens que foram anunciadas pelos
mensageiros de Deus a seus pais, quando a cidade de Jerusalém ainda vivia em
paz e as cidades ao redor eram habitadas.
Naquele tempo, o que Deus requeria do povo? Apenas um ritual
religioso? Apenas um jejum de abstinência de alimentos e pranto? Não! A
mensagem de Deus era clara: “Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e
misericórdia, cada um a seu irmão; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o
estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o
seu próximo” (Zc 7.9,10).
Zacarias faz questão de registrar que seus pais não quiseram
atender à voz de Deus. Ao contrário, rebeldes deram as costas para Deus e não
acolherem a mensagem dos profetas. Zacarias chega a dizer que seus pais fizeram
o seu coração duro como diamante para não ouvirem a lei nem as palavras que o
Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, por intermédio dos profetas.
A consequência? Veio sobre eles a grande ira do Senhor!
Porque Deus clamou ao povo e o povo não quis ouvi-lo, quando veio o cerco de
Jerusalém e o povo foi levado cativo para a Babilônia, Deus também não ouviu o
seu clamor. Ao contrário, eles foram espalhados como um turbilhão por entre
todas as nações e a sua terra foi assolada atrás deles.
O cativeiro babilônico foi uma prova clara de que a
religiosidade sem obediência pode levar a grandes desastres. De nada adiante
jejuar e lamentar se isso não é feito para Deus. De nada adianta comer e beber
se isso não é praticado para a glória e Deus.
De nada adianta preservar rituais religiosos, se na prática
desses rituais ainda se deixa de executar juízo verdadeiro, deixando de mostrar
bondade e misericórdia, cada um a seu irmão. De nada adianta ser muito
religioso e ao mesmo tempo oprimir a viúva, o órfão, o estrangeiro e o pobre.
De nada adianta ser zeloso dos rituais sagrados se no coração se intenta o mal
contra o próximo.
A religião dos preceitos sem uma vida rendida a Deus e sem a
prática do amor ao próximo não passa de um simulacro de espiritualidade. Esse
tipo de religiosidade, ainda que externamente possa impressionar os homens, não
pode agradar a Deus.
Aquele que sonda os corações requer a verdade no íntimo. Ele
não se contenta com performance, pois conhece as motivações. Ele não aceita
rituais religiosos, ainda que os mais sagrados, se esses estão apartados da
correta relação com ele e com os irmãos.