Rev. Hernandes Dias Lopes -14/02/2021 18:32
O SALMO 119 é o maior Salmo da Bíblia. Seu foco principal é
a excelência da palavra de Deus como conteúdo de nossa fé, como fonte de nosso
consolo e como remédio para nossos males. Neste Salmo, o cantor sacro abre sua
alma e fala de suas tristezas e como triunfar sobre elas.
Em primeiro lugar, as lágrimas da alma podem ser
estancadas pelo fortalecimento da palavra de Deus (Sl 119.28). “A minha
alma, de tristeza, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra”. Há
momentos em que as torrentes de lágrimas que brotam de nossa alma são mais
copiosas do que as torrentes que vertem dos nossos olhos. A tristeza não apenas
abate o rosto, mas também entristece a alma. O remédio para essa tristeza não é
encontrado nas terapias humanas nem nos rituais religiosos, mas no
fortalecimento procedente da palavra de Deus.
Em segundo lugar, as angústias do crente são curadas
pela vivificação da palavra de Deus (Sl 119.50). “O que me consola na
minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica”. O salmista não tem
receio de admitir sua angústia. Ele está amassado por sentimentos
avassaladores, atordoado por circunstâncias medonhas e atribulado por uma
angústia esmagadora. Onde encontrar consolo? Para onde correr nessa hora? O
autor sacro encontrou consolo e vivificação na palavra de Deus.
Em terceiro lugar, a angústia faz perecer, mas a
palavra de Deus traz prazer (Sl 119.92). “Não fosse a tua lei ter sido o
meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia”. A angústia que
nos assola, por vezes, é tão cruel que pensamos que não vamos aguentar. É como
um tsunami que nos engole sem que consigamos reagir às ondas gigantescas.
Onde encontrar prazer, quando a vida parece só mostrar sua
carranca para nós? Onde encontrar um porto seguro para encorar nossa alma
assolada pelos vendavais da vida? Onde beber as delícias da alegria, quando
tudo o que sorvemos na vida é o cálice amargo da dor? O salmista, com
entusiasmo, confessa que não fora a lei de Deus ter sido o seu prazer, ele
teria sucumbido há muito tempo à sua angústia. Ó que poder terapêutico tem a
palavra de Deus! Ó que consolo bendito ela traz à alma aflita!
Em quarto lugar, a aflição superlativa deve levar-nos a
uma súplica urgente (Sl 119.107). “Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor,
segundo a tua palavra”. O salmista é um homem de Deus, mas não tem imunidade
especial. Ele anda com Deus, mas não é poupado das dores naturais dos mortais.
Ele não esteve muito aflito no passado remoto nem estará aflitíssimo num futuro
distante. Ele está aflitíssimo agora.
Enquanto escreve, seu coração está apertado pela dor, sua
alma está gemendo de aflição e seus olhos são fontes de onde escorrem lágrimas
amargas. Sua súplica é urgente. Mas ele não recorre a homens, mas ao Senhor da
aliança. Não busca os recursos da terra, mas invoca a vivificação que emana do
céu.
O reavivamento que anseia é rogado ao Senhor e procede do
Senhor. A fonte desse reavivamento é a palavra de Deus. A restauração é segundo
a palavra de Deus e não segundo a diretrizes humanas.
Em quinto lugar, a aflição escraviza, mas a lei de Deus
traz esperança (Sl 119.153). “Atenta para a minha aflição e livra-me, pois
não me esqueço da tua lei”. O salmista, inobstante não se esquecer da lei de
Deus, está aflito. A vida cristã não é uma estufa espiritual nem uma bolha que
nos esconde das aflições deste mundo.
O povo de Deus está sujeito às vicissitudes comuns dos
mortais. Eles bebem, também, as porções amargas da providência carrancuda.
Nessas horas, devemos clamar ao Senhor para observar nossa aflição e ainda
pedir a ele livramento de nossas dores.
O argumento usado pelo salmista para estadear seu pleito
diante de Deus é que ele não se esquecia da lei do Senhor. Nas suas aflições,
não ergueu seus punhos contra Deus como fez a mulher de Jó nem virou as costas
para Deus como fez a mulher de Ló. Ao contrário, reavivou ainda mais sua
memória para guardar a palavra de Deus. Ó que Deus nos ajude a ter a mesma
experiência do salmista: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não
há tropeço” (Sl 119.165).