r7 -28/05/2021 20:43
Os restos mortais de 215 crianças foram encontrados
enterrados no local de um antigo internato no Canadá,
construído há mais de um século para integrar os indígenas à sociedade, de
acordo com uma comunidade indígena local.
Um especialista descobriu os restos mortais no último fim de
semana usando um georadar no local do internato, perto de Kamloops, na
província de British Columbia, anunciou a comunidade aborígine Tk'emlups te
Secwepemc em um comunicado à imprensa.
"Algumas tinham apenas três anos", disse Rosanne
Casimir, a chefe da comunidade, sobre as crianças.
Segundo ela, as mortes, cujas causas e datas são
desconhecidas, nunca foram registradas pela direção do internato, embora
desaparecimentos já tenham sido mencionados anteriormente por membros da
comunidade.
Os resultados preliminares da investigação devem ser
divulgados em um relatório em junho, disse Casimir.
Enquanto isso, a comunidade está trabalhando com o legista e
museus da província para tentar esclarecer a descoberta e encontrar qualquer
documentação relacionada às mortes.
"Parte meu coração pelas famílias e comunidades
afetadas por esta notícia trágica", escreveu a ministra canadense de
Relações Indígenas, Carolyn Bennett, no Twitter.
Política de
assimilação
O antigo internato, administrado pela Igreja Católica em
nome do governo canadense, foi uma das 139 instituições criadas no país no
final do século XIX. Foi inaugurado em 1890 e tinha 500 alunos na década de
1950. Fechou em 1969.
Cerca de 150.000 crianças ameríndias, mestiças e inuítes
foram matriculadas à força para essas escolas, onde foram separadas de suas
famílias, de sua língua e de sua cultura.
Muitos foram submetidos a maus-tratos ou abusos sexuais e
pelo menos 3.200 morreram, principalmente de tuberculose, de acordo com as
conclusões de uma comissão nacional de inquérito.
Em 1910, o diretor da instituição Kamloops reclamou que o
governo canadense não estava fornecendo fundos suficientes para "alimentar
adequadamente os alunos", segundo o comunicado da comunidade.
Ottawa pediu desculpas formalmente aos descendentes dos
internados em 2008 como parte de um acordo de 1,9 bilhão de dólares canadenses
(1,3 bilhão de euros).
Eles foram vítimas de um "genocídio cultural",
conforme concluído pela comissão nacional de inquérito em 2015.