g1 -06/07/2021 18:44
A Polícia Civil do Espírito Santo concluiu o inquérito que
investigava a morte de um casal que morreu depois de ingerir um suposto óleo de
semente de abóbora comprado pela internet. O resultado da perícia do material
foi divulgado nesta terça-feira (6) e apontou que o produto continha solvente.
A substância é a mesma encontrada em garrafas da cerveja
Belorizontina, da Backer, no início de 2020, e que
levou a morte de 10 pessoas.
Filho procurou a polícia
Rosineide Dorneles Mendes Oliveiras e Willis Penna de
Oliveira foram internados depois de passarem mal em fevereiro deste ano. A
mulher morreu no dia 15 de fevereiro e Willis morreu um mês depois, no dia 16
de março.
A suspeita de que a intoxicação foi causada pelo óleo de
abóbora foi levantada pelo filho deles, que procurou a polícia. O produto, que
prometia melhora na saúde, foi comprado pela internet.
Segundo o filho, que não ingeriu o óleo, os pais já tinham
passado mal duas outras vezes desde que começaram a usar o produto. Na terceira
vez, eles foram internados.
Investigação
A partir disso, o delegado do 12º Distrito Policial da
Serra, Rodrigo Rosa, explicou que começou uma investigação sobre o produto.
No site que vendia o produto, o anunciante dizia que o óleo
era puro, orgânico, ajudava a controlar o colesterol e melhorava o sistema
cardiovascular, segundo a polícia.
Em uma operação conjunta com a Polícia Civil de São Paulo
foram feitas buscas no final de maio na sede da empresa, em São
Bernardo do Campo, e o responsável foi preso. O nome do homem não foi
divulgado.
“Fizemos um laudo preliminar e constatamos que não era óleo
de semente de abóbora. Em buscas na sede da empresa desse suspeito, o que
encontramos foi um local improvisado, com produtos armazenados, inclusive, ao
lado de um vaso sanitário. Ele usava óleo de girassol com corantes e
saborizantes”, disse o delegado.
De acordo com a perita criminal que fez a análise do
produto, Daniela de Paula, o conteúdo do frasco ingerido pelo casal não
era óleo vegetal e a substância continha dietilenoglicol, solvente tóxico usado
em processos industriais.
“Compramos um óleo da mesma semente de boa procedência e
comparamos os produtos. O produto continha glicerina e dietilenoglicol em
quantidade 130 vezes superior ao que pode ser ingerido por via oral. Os óleos
vegetais têm a presença de ácidos graxos, mas esse produto em si não tinha.
Após a análise constatamos que ali não tinha nada a ver com nenhum óleo natural
vegetal, nada”, disse a perita.
O que diz a Anvisa
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o
dietilenoglicol é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência
renal e hepática, podendo levar a morte quando ingerido.
A Polícia Civil informou que dono não tinha registro para a
produção. Além do óleo, o homem, de 34 anos, ainda fazia cosméticos e produtos
para cabelo.
Ele foi preso por estelionato, crime contra a ordem
econômica, falsificação de produto terapêutico e, após a conclusão do inquérito
das mortes, foi indiciado também por duplo homicídio culposo.
O delegado informou ainda que a polícia está em contato com
o site de vendas para investigar outras possíveis vítimas do vendedor.