r7 -22/08/2022 20:25
Estrangeiros que trabalhavam em obras no Catar, sede da Copa
do Mundo, foram detidos por causa de um protesto realizado para cobrar meses de
salários atrasados. De acordo com a agência de notícias Associated Press, pelo
menos 60 estrangeiros acabaram presos depois da manifestação e alguns deles
foram deportados pelo governo local.
O fato alimenta a preocupação despertada desde que o país
árabe foi escolhido pela Fifa como casa da Copa deste ano. Um levantamento
feito pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde o início das
obras para sediar o torneio – um dos principais eventos esportivos do
mundo – até junho do ano passado, mais de 6.000 trabalhadores imigrantes
morreram.
O protesto ocorreu há uma semana, no dia 14 de agosto. O
grupo de trabalhadores se manifestou na capital, Doha, em frente aos
escritórios do Al Bandary International Group, conglomerado que atua nos ramos
de construção, imobiliária, hotelaria e serviços de alimentos, entre outras
áreas. Vídeos mostram uma avenida bloqueada pelos manifestantes.
Segundo a consultoria de direitos humanos Equidem, alguns
dos estrangeiros não recebiam salários havia sete meses. "Esta é realmente
a realidade que está vindo à tona?", questionou Mustafa Qadri,
diretor-executivo da Equidem, preocupado com o descumprimento da promessa feita
pelo Catar de que trataria melhor os trabalhadores imigrantes.
Ao se manifestar sobre o caso em nota, o governo comunicou
que "vários manifestantes foram detidos por violar as leis de segurança
pública". Além disso, confirmou que o Al Bandary estava devendo
pagamentos, mas declarou que o Ministério do Trabalho arcará com os valores
atrasados.
"A empresa estava sendo investigada pelas autoridades
por não pagar os salários relacionados ao incidente, e agora serão tomadas mais
medidas para definir um prazo para acertar os pagamentos de salários que não
foram cumpridos", afirmou o governo, sem dar detalhes sobre a situação em
que se encontram os trabalhadores detidos.
Segundo a Equidem, a polícia levou os manifestantes a um
centro de detenção onde eles estão sofrendo com um calor sufocante, sem ar
condicionado. Nesta semana, os termômetros marcaram 41°C em Doha. Os policiais
teriam dito que, "se podem protestar no calor, podem dormir sem ar
condicionado", conforme relatou Mustafa Qadri.