g1 -05/11/2021 13:46
Zhang Zhan, uma jornalista da China detida após filmar
o confinamento em Wuhan, a primeira cidade do mundo que detectou casos de Covid-19, está perto da
morte, advertiu a família.
A ex-advogada de 38 anos se declarou em greve de fome depois
de ser condenada
no fim de 2020 a quatro anos de prisão por "provocar distúrbios
da ordem pública", uma acusação habitualmente atribuída na China a
dissidentes políticos.
Há vários meses ela é alimentada à força por sondas
nasogástricas. O irmão da jornalista, Zhang Ju, advertiu na semana passada no
Twitter que ela está muito magra e "pode não sobreviver ao inverno".
"No coração dela, parece que existem apenas Deus e suas
crenças, sem importar mais nada", disse o irmão.
Entenda o caso
Em fevereiro de 2020, a advogada de Xangai viajou a Wuhan,
no centro da China, para narrar a situação poucos dias depois do início da
aplicação de um confinamento rígido na metrópole de 11 milhões de habitantes.
As imagens de pacientes em um corredor lotado de um hospital
foram das poucas informações divulgadas na época sobre as condições sanitárias
da cidade.
Na quinta-feira (4), a Anistia Internacional pediu a
libertação imediata de Zhang para que "termine a greve de fome e receba o
tratamento que precisa desesperadamente".
A organização Repórteres Sem Fronteiras também pediu à comunidade internacional que pressione por sua libertação "antes que seja tarde demais".
A AFP não conseguiu entrar em contato com o irmão da
jornalista e sua mãe não quis fazer comentários. Os diretores do sistema
penitenciário também não falaram.
Um dos advogados da jornalista afirmou que a família pediu
autorização para visitá-la na prisão em Xangai, mas não recebeu resposta. Seus
representantes não têm informações sobre o estado atual de Zhang.
Questionado sobre o tema nesta sexta-feira o ministério
chinês das Relações Exteriores não revelou detalhes sobre a saúde da
jornalista. Um porta-voz da diplomacia, Wang Wenbin, garantiu que "a China
é um Estado de direito".
"Qualquer pessoa que viole a lei deve ser punida",
declarou à imprensa, antes de afirmar que os apelos a favor da liberdade de
Zhang Zhan eram "uma manipulação política anti-China".
Além de Zhang Zhan, ao menos outros três jornalistas
independentes (Chen Qiushi, Fang Bin e Li Zehua) estão detidos pela cobertura
sobre a crise epidêmica em Wuhan.