Ciclofaixa em Andradina divide opiniões: sargento da PM dá seu parecer

1° Sgt PM Vieira -23/10/2021 12:13

A ciclofaixa na Avenida Guanabara está dividindo opiniões em Andradina, uns gostando e aplaudindo, outros estão curiosos, e outros estão críticos, apreensivos com a possibilidade de acidentes, ou por motivos pessoais e políticos.

Independentemente do motivo, venho esclarecer alguns pontos sobre a ciclofaixa em nosso município, pois estou percebendo um crescente surgimento de especialidades em trânsito na nossa região.

Para quem não me conhece, trabalho na Administração da 1ª Companhia de Polícia Militar de Andradina e quando a Prefeitura conselhos envolvendo o trânsito no perímetro urbano, sou o PM indicado pelos comandantes para representar uma Companhia Territorial, conseqüentemente uma PM. Assim, acredito que confiam em meu profissionalismo e que possuo um pouco de conhecimento técnico a respeito do tema.

Preciso esclarecer também que possuo acesso a todos os acidentes de trânsito registrados pela PM em nosso município, então acredito que também tenho um pouco de conhecimento sobre os acidentes e pontos base, e posso afirmar que em quatro anos a média diminuiu de dois para menos de um acidente por dia.

O principal motivo foi a intensificação da fiscalização das infrações envolvendo parada obrigatória na confluência de vias, uso de telefone celular na condução de veículos e o intenso combate aos condutores sob impacto de álcool, inclusive somos criticados por uma parcela da população em razão desta última, a parcela que insiste em beber e dirigir, obviamente.

Sabendo de tudo isso, quero deixar claro que participei da primeira reunião sobre a decisão da implantação da ciclofaixa na Avenida Guanabara, inclusive participei desta sugestão, e antes que critiquem no futuro, da Avenida Bandeirantes também.

Digo isso, para dizer que ocorreu um brainstorming antes da oportunidade e todos foram ouvidos pelo prefeito Mario Celso Lopes . Participaram o secretário de Governo Ernesto Junior , responsável pelo Departamento de Trânsito na época, o diretor de Segurança André Luis de Lima Augusto, os vereadores Sérgio Faustino e Hugo Zamboni na primeira reunião e Fabricio Mazotti na segunda, e o dr. João Miguel Amorim Junior , representando os ciclistas.

Inclusive Amorim já foi covardemente atropelado na Avenida Guanabara, por um condutor que se evadiu, mas graças a Deus se recuperou. Então garanto que não houve empirismo; o Executivo Municipal foi assessorado com sugestões técnicas, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro e Resolução do Controle referente ao Manual Brasileiro de Sinalização Horizontal, inclusive por curiosidade, não houve atualização específica para o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, volume VIII - Sinalização Cicloviária, pela Resolução do Contran n. 874, em 13 de setembro de 2021, ou seja, no mês passado.

Venho deixar claro também que o referido Manual mostra uma estrutura mínima de uma ciclofaixa e de uma ciclovia (terminologia usada para descrever uma pista própria destinada a circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum), e esta depende de uma verba pública muito maior para comum) comum ser concretizada, e as obras de um município não se resumem apenas à criação de uma ciclofaixa.

Esclareço também que a ideia de fazer uma ciclovia ou ciclofaixa já havia sido discutida anteriormente no antigo Plano Municipal de Mobilidade Urbana, mas se trata de uma decisão de cada gestão, então não entrarei no mérito da tomada devido ao bom relacionamento que possuo com a gestão anterior.

A Mobilidade Urbana é uma atividade essencial para uma sociedade, refere-se à locomoção das pessoas de forma que atenda aos reais, combinando conceitos de Sustentabilidade, Acessibilidade, Meio Ambiente, Desenho Universal, Circulação de Transporte não motorizado, dentre muitos outros, e para esclarecer, segundo o Art. 7 ° da Lei 12.587, de 03 de janeiro de 2012, a Política Nacional de Mobilidade Urbana possui os seguintes objetivos:

I - reduzir as desigualdades e promover a inclusão social;

II - promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais;

III - proporcionar melhoria nas condições urbanas da população não que se refere à acessibilidade e à mobilidade;

IV - promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades; e

V - consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana.

A partir de conhecimento básico, ficará mais fácil compreender que as ciclofaixas são implantadas num município para atender às necessidades de locomoção da população, e não atender às necessidades dos atletas, pois ouvi comentários maldosos de que a obra é apenas destinada para estes.

Muito pelo contrário, é uma obra destinada a atender principalmente ao trabalhador, que precisa acessar as empresas de nossa cidade, e que talvez não possua veículo automotor, talvez precisou deixar com um familiar, talvez decidir economizar, ou talvez decidir pedalar para cuidar de sua saúde e bem-estar pessoal. Quem é ou conhece um ciclista que participa de competições, sabe que a Avenida Guanabara não oferece desafio algum em extensão e trajeto a ser percorrido, então acreditem, é claro que os atletas usarão, mas esta obra da Avenida Guanabara não é destinada apenas para eles .

Quanto à sinalização, credem, segundo o CTB o ciclista pode dividir o trânsito com os outros usuários, mas agora, eles devem lugar para transitarem e isto facilitará a locomoção de todos os usuários da via seja, de condutores de veículos automotores ou não. Ainda restará a seguinte dúvida dos pessimistas: existe uma possibilidade de ocorrer acidentes com a ciclofaixa?

Sim, claro que existe, infelizmente. Contudo, existe uma possibilidade de ocorrer acidentes sem a ciclofaixa? Sim, continuaria existindo, inclusive já ocorreram muitos, e muitos condutores que foram responsabilizados, e teve muitos condutores embriagados e covardes que já atropelaram ciclistas, pedestres e fugiram.

Ciclistas já foram atropelados na Rodovia Marechal Rondon, já foram atropelados na Estrada Sebastião Lourenço da Silva (Andradina-Murutinga do Sul), existem maus condutores, existem maus ciclistas, e pasmem, existem até maus pedestres; então acham mesmo que a implantação de uma ciclofaixa será responsável pelos acidentes em nosso município?

O andradinense precisa compreender que hoje, a Avenida Guanabara é a porta de entrada para nosso amado município de Andradina, e ela está sendo reestruturada; e para o conhecimento de todos, neste ano foi sancionada a Lei Municipal que cria o Sistema Cicloviário do Município de Andradina, então em breve, se o andradinense torcer a favor do crescimento de nossa cidade e deixar o pessimismo de lado, teremos mais ciclofaixas, ciclovias, circuito regional, ecoturismo, eventos turísticos e até bicicletários em alguns pontos da cidade.