r7/mario sabino -22/03/2024 18:06
Emmanuel Macron visitará o Brasil na semana que vem. Toda o
blá-blá-blá diplomático e os gestos e palavras simpáticos para expressar a
antiga amizade entre a França e o Brasil não esconderão o fato de que os dois
países estão em lados opostos em relação a Vladimir
Putin.
O presidente francês elevou o tom contra o autocrata russo,
admitindo a hipótese de a França enviar tropas para combater os russos ao lado
dos ucranianos. Muitos políticos criticaram Emmanuel Macron, mas todos, no seu
íntimo, sabem que ele está certo: a Rússia não pode vencer essa guerra, sob
pena de Vladimir Putin invadir também outros países que compunham a União
Soviética, defunto que ele quer reviver.
O Ocidente transigiu demais com o tirano. A ocupação da
Crimeia, há 10 anos, não deveria ter sido tolerada. Como as democracias
ocidentais nada fizeram, dependentes que eram do gás russo, Vladimir Putin fez
o que todo valentão faz quando não encontra resistência: sentiu-se à vontade
para continuar a agressão contra a Ucrânia.
Depois que Emmanuel Macron não excluiu a possibilidade de
enviar tropas à Ucrânia, a Rússia promoveu vários ataques cibernéticos, de
“intensidade inédita”, segundo o primeiro-ministro Gabriel Attal, contra
ministérios franceses. É uma tática da guerra híbrida da Rússia contra o
Ocidente, o que inclui tumultuar eleições presidenciais, como ocorreu na
primeira campanha de Emmanuel Macron, em 2017.
Vladimir Putin também usou um dos seus prepostos, o
vice-presidente da Duma, Piotr Tolstoi, para ameaçar militarmente a França.
Depois de prometer que todo soldado francês morreria em solo ucraniano, o
delinquente disse, em entrevista à emissora BFM, que a Rússia poderia lançar
um míssil nuclear contra Paris, que atingiria a cidade em
pouco mais de dois minutos depois de lançado. Ele aproveitou para insultar o
primeiro-ministro Gabriel Attal. Disse que a França era governada “em parte por
perversos”. O primeiro-ministro francês é assumidamente gay.
A facilidade com que Vladimir Putin e sequazes falam em
recorrer a armas nucleares é mostra de que o Ocidente está tratando com
criminosos sem limites e, portanto, extremamente perigosos para o mundo
inteiro.
Vladimir Putin estupra cotidianamente a soberania da
Ucrânia, deixando um rastro de destruição e terror em cidades antes
florescentes. Vladimir Putin viola as leis internacionais que garantem a
convivência pacífica entre as nações. Vladimir Putin mata opositores e
governará tiranicamente a Rússia por mais tempo que o camarada Stalin. E agora,
por meio de um marginal, Vladimir Putin ameaça jogar uma bomba nuclear em um dos
grandes centros da civilização ocidental.
É desse criminoso que Lula e
o PT são amigos, como já demonstrado várias vezes. Tanto o presidente da
República como o seu partido enviaram mensagens de congratulações ao autocrata
russo por sua vitória eleitoral, como se houvesse legitimidade em um pleito que
deixou de fora o principal oponente, Alexei Navalny, assassinado em um gulag na
Sibéria, e que só contou com concorrentes fantoches.
Lula ainda cogita receber Vladimir Putin na reunião do G20,
ignorando o mandado de prisão expedido contra o autocrata pelo
Tribunal Penal Internacional por cometimento de crimes de guerra, entre os quais
o rapto de crianças ucranianas.
Não se engane quando vir as imagens de Lula e Emmanuel
Macron sorridentes e bancando os bons amigos. Ambos estão de lados diferentes:
o brasileiro está do lado errado; o francês, do lado certo. E o lado errado,
repetindo, ameaça bombardear nuclearmente Paris.